16.6 C
Coimbra
Sábado, 3 Junho, 2023
InícioGERALA informação, hoje, será melhor?

A informação, hoje, será melhor?

Propaganda eleitoral apanhada ontem, duas semanas após as eleições, no chão de uma rua do centro de Lisboa
Propaganda eleitoral apanhada ontem, duas semanas após as eleições, no chão de uma rua do centro de Lisboa

O cidadão nunca teve à disposição tantos meios para se informar como hoje. Mas isso não significa que esteja melhor informado ou, por outro lado, que lhe seja fornecida melhor informação. Antes pelo contrário.

No meu trabalho de mestrado, abordando genericamente a questão, escrevi o seguinte: «Numa época em que a informação circula de modo cada vez mais veloz, e em que o volume dessa mesma informação assume – devido à globalização – proporções nunca antes conhecidas, o cidadão comum sente crescentes dificuldades em fazer as indispensáveis sínteses».

Ou seja, escrito de outra forma: perante tal volume de informação (produzida cada vez mais rapidamente e, portanto, com menor qualidade), o cidadão vê-se obrigado a um esforço cada vez maior de comparação, reflexão e apreensão.

E se não o fizer pode acabar mal informado.

O CASO CONCRETO DAS ELEIÇÕES EM LISBOA

A vitória de António Costa nas recentes eleições para a Câmara de Lisboa é uma situação exemplar (no mau sentido, entenda-se) de como os cidadãos podem ser levados a construir uma opinião errada.

O triunfo do autarca socialista foi apresentado como uma vitória pessoal retumbante e, mais do que isso, como uma vitória política significativa do Partido Socialista. Foram estas as ideias mais divulgadas por rádios, televisões e jornais – e, estou certo, são as ideias que ainda hoje permanecem na cabeça da generalidade dos cidadãos.

Vejamos a realidade…

1. António Costa encabeçou uma lista que, na verdade, era uma coligação. Para além de socialistas e de candidatos ditos “independentes”, incluiu dois movimentos organizados de cidadãos: “Lisboa é Muita Gente”, de Ricardo Sá Fernandes, e “Cidadãos Por Lisboa”, de Helena Roseta. Esta, aliás, encabeçou a lista para a Assembleia Municipal.

O facto, que me recorde, nunca foi destacado, nem na noite eleitoral nem nos dias seguintes.

2. António Costa foi eleito com 50,9% dos votos (segundo a versão oficial), mas que correspondem na realidade a 22,9% dos eleitores. Ou seja, quando o presidente assomar à varanda dos Paços do Concelho e olhar para o largo deverá concluir que, em cada 100 lisboetas que lá se encontrarem, 77 não votaram nele.

Outro facto que não me recordo de ter sido referido.

3. António Costa foi eleito com menos 6.947 votos do que nas eleições anteriores.

Também este facto nunca me surgiu pela frente nem em televisões nem em jornais.

Vitória esmagadora?

É por isso que, apesar de todos os meios actualmente disponíveis, não é certo que o cidadão esteja em 2013 melhor informado do que estava há 10, 20 ou 30 anos atrás.

Talvez seja por isso, também, que os meios de comunicação social tradicionais se encontrem em crise acentuada – e não apenas os jornais como, erradamente, tantas vezes se tenta fazer crer.

RELATED ARTICLES

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

- Advertisment -

Most Popular

Recent Comments

Célia Franco on Redacção da TSF ocupada
Maria da Conceição de Oliveira on Liceu D. Maria: reencontro 40 anos depois
maria fernanda martins correia on Água em Coimbra 54% mais cara do que em Lisboa
Eduardo Varandas on Conversas [Vasco Francisco]
Emília Trindade on Um nascimento atribulado
Emília Trindade on Sonhos… [Mário Nicolau]
Emília Trindade on Sonhos… [Mário Nicolau]
José da Conceição Taborda on João Silva
Cristina Figueiredo on Encontro Bata Azul 40 anos
Maria Emília Seabra on Registos – I [Eduardo Aroso]
São Romeiro on Encontro Bata Azul 40 anos
Maria do Rosário Portugal on Ricardo Castanheira é suspenso e abandona PS
M Conceição Rosa on Quando a filha escreve no jornal…
José Maria Carvalho Ferreira on COIMBRA JORNAL tem novos colaboradores
Maria Isabel Teixeira Gomes on COIMBRA JORNAL tem novos colaboradores
Maria de Fátima Martins on Prof. Jorge Santos terminou a viagem
margarida Pedroso de lima on Prof. Jorge Santos terminou a viagem
Manuel Henrique Saraiva on Como eu vi o “Prós e Contras” da RTP
Armando Manuel Silvério Colaço on Qual é a maior nódoa negra de Coimbra?
Maria de Fátima Pedroso Barata Feio Sariva on Encarnação inaugurou Coreto com mais de 100 anos
Isabel Hernandez on Lembram-se do… Viegas?
Maria Teresa Freire Oliveira on Crónica falhada: um ano no Fundo de Desemprego
Maria Teresa Freire Oliveira on REPORTAGEM / Bolas de Berlim porta-a-porta
Eduardo Manuel Dias Martins Aroso on Crónica falhada: um ano no Fundo de Desemprego
Maria Madalena >Ferreira de Castro on Crónica falhada: um ano no Fundo de Desemprego
Eduardo Manuel Dias Martins Aroso on INSÓLITO / Tacho na sessão da Câmara de Miranda
Ermenilde F.C.Cipriano on REPORTAGEM / Bolas de Berlim porta-a-porta
Eduardo Manuel Dias Martins Aroso on De onde sou, sempre serei
Carlos Santos on Revolta de um professor
Eduardo Varandas on De onde sou, sempre serei
Norberto Pires on Indignidade [Norberto Pires]
Luis Miguel on Revolta de um professor
Fernando José Pinto Seixas on Indignidade [Norberto Pires]
Olga Rodrigues on De onde sou, sempre serei
Eduardo Saraiva on Pergunta inquietante
mritasoares@hotmail.com on Hoje há poesia (15h00) na Casa da Cultura
Eduardo Varandas on Caricatura 3 (por Victor Costa)
Maria do Carmo Neves on FERREIRA FERNANDES sobre Sócrates
Maria Madalena Ferreira de Castro on Revalidar a carta de condução
Eduardo Saraiva on Eusébio faleceu de madrugada
Luís Pinheiro on No Café Montanha
Maria Madalena Ferreira de Castro on Eusébio faleceu de madrugada
José Maria Carvalho Ferreira on José Basílio Simões no “Expresso”
Maria Madalena Ferreira de Castro on Carta de Lisboa
Manuel Fernandes on No Café Montanha
Rosário Portugal on Desabamento na Estrada de Eiras
manuel xarepe on No Café Montanha
Jorge Antunes on Mataram-me a freguesia
António Conchilha Santos on Nota de abertura
Herminio Ferreira Rico on Ideias e idiotas!
José Reis on Nota de abertura
Eduardo Varandas on Caricatura
Eduardo Varandas on Miradouro da Lua
Célia Franco on Nota de abertura
Apolino Pereira on Nota de abertura
Armando Gonçalves on Nota de abertura
José Maria Carvalho Ferreira on Nota de abertura
Jorge Antunes on Nota de abertura
João Gaspar on Nota de abertura
Ana Caldeira on Nota de abertura
Diamantino Carvalho on Mataram-me a freguesia
António Olayo on Nota de abertura
Alexandrina Marques on Nota de abertura
Luis Miguel on Nota de abertura
Joao Simões Branco on Nota de abertura
Jorge Castilho on Nota de abertura
Luísa Cabral Lemos on Nota de abertura
José Quinteiro on Nota de abertura
Luiz Miguel Santiago on Nota de abertura
Fernando Regêncio on Nota de abertura
Mário Oliveira on Nota de abertura