8.5 C
Coimbra
Sexta-feira, 1 Dezembro, 2023
InícioJORNALISMOOs blogues e os jornais

Os blogues e os jornais

(ADVERTÊNCIA INICIAL: Este texto foi originalmente publicado
em “A Página do Mário”, no jornal “Centro”, em Outubro de 2006.
Há sete anos, portanto… O essencial da reflexão continua válido.)

 

Há pouco mais de 20 anos, o “Jornal de Notícias” enviou-me durante quase duas semanas para Paris, para fazer a reportagem do referendo (e do debate quente que existia na sociedade francesa) sobre o Tratado de Maastricht.
Foi uma experiência enriquecedora. Mas com muitas dificuldades. Ainda não havia telemóveis, não havia computadores portáteis. Fui com a máquina de escrever, redigia os textos, pedia na recepção do hotel que enviassem o fax para o jornal e, à hora combinada, tinha de telefonar para saber se “o material” chegara em condições.
Hoje, é tudo diferente. Em qualquer lado há “rede”, chega-se com o portátil, escreve-se e envia-se. E se há qualquer problema, pega-se no telemóvel e esclarece-se o assunto de imediato.
O Mundo mudou muito nestes últimos anos. Hoje, o correio electrónico é indispensável. Na revista onde trabalho, as colaborações já chegam todas – à excepção de uma – por via electrónica; os textos e as fotos. Muito do “expediente comercial” também já circula por esta via: até, mesmo, alguns pagamentos.
Ou seja, no planeamento do dia de trabalho há que considerar uma fatia de tempo para os assuntos da Net; e, de preferência, há que estar constantemente ligado, para poder responder com prontidão a qualquer pergunta. Não há que discutir: hoje, as coisas são assim; são diferentes.
No entanto, os jornais – quase todos com as tiragens em queda – ainda não entenderam verdadeiramente o que está a acontecer. Olham de soslaio para a Net e, por arrastamento, para os seus conteúdos.
Actualmente, o cidadão que quer estar informado tem necessariamente de recorrer à Net. E dentro desta tem de reservar algum dos seu tempo para olhar (pelo menos, olhar) os blogues.
Blogues de Coimbra em Outubro de 2006
Blogues de Coimbra em Outubro de 2006
Cá por Coimbra, há alguns blogues que são de leitura quase obrigatória – e que vão suscitando um interesse cada vez maior, se olharmos ao número de visitas e de comentários que os leitores lá deixam.
Trago hoje aqui quatro “links”. “O Piolho da Solum”, um blogue bem disposto, faz diariamente, logo pela manhã, um resumo do noticiário do dia, comenta assuntos de interesse da comunidade e, de vez em quando, mostra fotografias de Coimbra antiga. E, pelo meio, há muita brincadeira e textos que nos fazem sorrir.
No “Política & House”, um blogue que dá muita atenção às questões internas do Partido Socialista, vão aparecendo textos – mais ou menos mordazes – sobre assuntos da cidade e do país. Nos últimos tempos, têm estado a ser publicados os rendimentos de alguns titulares de cargos políticos da região, com base nas declarações entregues no Tribunal Constitucional.
Crítico da actual direcção da Académica/OAF, o blogue “Pardalitos do Choupal”informa exaustivamente sobre o futebol da Briosa e a Académica em geral, divulga o calendário de jogos do fim-de-semana, informa sobre os resultados de todas as equipas e relata alguns jogos minuto-a-minuto, como ainda sucedeu no domingo. Depois, e por entre muita polémica estéril, surgem volta e meia textos de grande qualidade, como aquele que o ex-dirigente Fernando Pompeu publicou na semana passada e que até segunda-feira já tinha suscitado 144 (!) comentários.
Uma palavra final para o “Porta-Aviões”, que voltou a navegar há poucos dias. Criado pelo médico Maló de Abreu, é um espaço mordaz, na linha da histórica ironia coimbrã. Por ali passam assuntos de política nacional, política autárquica e – não fosse o seu criador um ex-candidato à presidência da Académica/OAF – temas ligados à Briosa.
A terminar, que o texto vai longo: muita da informação a que se tem acesso nos blogues não está habitualmente disponível nas páginas dos jornais. E é este desafio que os jornais não podem continuar a ignorar, sob pena de verem os leitores fugir. Porque, quer se queira quer não, o Mundo está mesmo diferente. Muito diferente.
NOTA: Destes quatro blogues, apenas o “Pardalitos do Choupal” continua em publicação. Os outros estão acessíveis. “A Página do Mário”, da minha autoria, suspendeu a publicação em Julho de 2010 e tem estado inacessível.
RELATED ARTICLES

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

- Advertisment -

Most Popular

Recent Comments

Célia Franco on Redacção da TSF ocupada
Maria da Conceição de Oliveira on Liceu D. Maria: reencontro 40 anos depois
maria fernanda martins correia on Água em Coimbra 54% mais cara do que em Lisboa
Eduardo Varandas on Conversas [Vasco Francisco]
Emília Trindade on Um nascimento atribulado
Emília Trindade on Sonhos… [Mário Nicolau]
Emília Trindade on Sonhos… [Mário Nicolau]
José da Conceição Taborda on João Silva
Cristina Figueiredo on Encontro Bata Azul 40 anos
Maria Emília Seabra on Registos – I [Eduardo Aroso]
São Romeiro on Encontro Bata Azul 40 anos
Maria do Rosário Portugal on Ricardo Castanheira é suspenso e abandona PS
M Conceição Rosa on Quando a filha escreve no jornal…
José Maria Carvalho Ferreira on COIMBRA JORNAL tem novos colaboradores
Maria Isabel Teixeira Gomes on COIMBRA JORNAL tem novos colaboradores
Maria de Fátima Martins on Prof. Jorge Santos terminou a viagem
margarida Pedroso de lima on Prof. Jorge Santos terminou a viagem
Manuel Henrique Saraiva on Como eu vi o “Prós e Contras” da RTP
Armando Manuel Silvério Colaço on Qual é a maior nódoa negra de Coimbra?
Maria de Fátima Pedroso Barata Feio Sariva on Encarnação inaugurou Coreto com mais de 100 anos
Isabel Hernandez on Lembram-se do… Viegas?
Maria Teresa Freire Oliveira on Crónica falhada: um ano no Fundo de Desemprego
Maria Teresa Freire Oliveira on REPORTAGEM / Bolas de Berlim porta-a-porta
Eduardo Manuel Dias Martins Aroso on Crónica falhada: um ano no Fundo de Desemprego
Maria Madalena >Ferreira de Castro on Crónica falhada: um ano no Fundo de Desemprego
Eduardo Manuel Dias Martins Aroso on INSÓLITO / Tacho na sessão da Câmara de Miranda
Ermenilde F.C.Cipriano on REPORTAGEM / Bolas de Berlim porta-a-porta
Eduardo Manuel Dias Martins Aroso on De onde sou, sempre serei
Carlos Santos on Revolta de um professor
Eduardo Varandas on De onde sou, sempre serei
Norberto Pires on Indignidade [Norberto Pires]
Luis Miguel on Revolta de um professor
Fernando José Pinto Seixas on Indignidade [Norberto Pires]
Olga Rodrigues on De onde sou, sempre serei
Eduardo Saraiva on Pergunta inquietante
mritasoares@hotmail.com on Hoje há poesia (15h00) na Casa da Cultura
Eduardo Varandas on Caricatura 3 (por Victor Costa)
Maria do Carmo Neves on FERREIRA FERNANDES sobre Sócrates
Maria Madalena Ferreira de Castro on Revalidar a carta de condução
Eduardo Saraiva on Eusébio faleceu de madrugada
Luís Pinheiro on No Café Montanha
Maria Madalena Ferreira de Castro on Eusébio faleceu de madrugada
José Maria Carvalho Ferreira on José Basílio Simões no “Expresso”
Maria Madalena Ferreira de Castro on Carta de Lisboa
Manuel Fernandes on No Café Montanha
Rosário Portugal on Desabamento na Estrada de Eiras
manuel xarepe on No Café Montanha
Jorge Antunes on Mataram-me a freguesia
António Conchilha Santos on Nota de abertura
Herminio Ferreira Rico on Ideias e idiotas!
José Reis on Nota de abertura
Eduardo Varandas on Caricatura
Eduardo Varandas on Miradouro da Lua
Célia Franco on Nota de abertura
Apolino Pereira on Nota de abertura
Armando Gonçalves on Nota de abertura
José Maria Carvalho Ferreira on Nota de abertura
Jorge Antunes on Nota de abertura
João Gaspar on Nota de abertura
Ana Caldeira on Nota de abertura
Diamantino Carvalho on Mataram-me a freguesia
António Olayo on Nota de abertura
Alexandrina Marques on Nota de abertura
Luis Miguel on Nota de abertura
Joao Simões Branco on Nota de abertura
Jorge Castilho on Nota de abertura
Luísa Cabral Lemos on Nota de abertura
José Quinteiro on Nota de abertura
Luiz Miguel Santiago on Nota de abertura
Fernando Regêncio on Nota de abertura
Mário Oliveira on Nota de abertura