17.7 C
Coimbra
Quarta-feira, 4 Outubro, 2023
InícioGERALAssuntos não faltam, mas...

Assuntos não faltam, mas…

Há dias assim. Os temas abundam mas não sinto especial vontade para escrever.

Poderia escrever sobre o medo que tenho do Estado, um medo construído a pouco e pouco e que, actualmente, é o maior dos medos da minha vida. (Sim, que o Estado não é “pessoa de bem”, como fui compreendendo ao longo dos anos.)

Poderia escrever sobre o que se está a passar na Câmara de Coimbra, que é estranhamente invulgar. A autarquia parece continuar sem distribuir tarefas aos vereadores, como se consegue saber através do semanário “Campeão das Províncias” e do sítio “Notícias de Coimbra” na internet, porque os diários da cidade, que eu tenha reparado, esquecem o assunto.

Poderia escrever sobre o dia em que tive o meu nome num título garrafal, a abrir a página 3 (uma das mais importantes de qualquer publicação) no jornal de um clube. «Já o conhecemos sr. Mário Martins», tudo em maiúsculas. Um dos momentos que considero mais altos destes 40 anos que levo a escrever em público.

Poderia escrever sobre as mulheres da minha vida, que são quatro. O texto anda a bailar-me na mente há semanas, mas ainda não encontrei o dia certo para o passar para o papel ou para um ficheiro do computador.

Poderia também escrever sobre a reportagem que fiz há precisamente 20 anos, entre Berlim Oriental e Kiev, durante 31 dias. A reportagem da minha vida, publicada na revista do Jornal de Notícias, com mais de 200 mil exemplares de tiragem naquela altura. Reportagem que foi capa, que resultou de uma experiência inesquecível e na qual o JN assumiu para comigo uma atitude que nunca esquecerei. Sempre foi assim quando me cruzei com pessoas de dimensão superior.

Poderia escrever sobre outras memórias de uma vida cheia, tantas que estou a pensar colocar algumas delas em livro. A ida para o Porto, o lançamento do Diário As Beiras e de uma rede de correspondentes como nunca mais existiu, as duas reformulações gráficas que coordenei no Diário de Coimbra com 12 anos de intervalo, o aparecimento do Jornal de Coimbra e o trabalho numa minúscula cave da Rua Corpo de Deus, ou a criação do Clube da Comunicação Social de Coimbra e de como o projecto inicial deu lugar a outras realidades, do «Ora diga lá, senhor deputado» ou do «Ora diga lá, senhor vereador», iniciativas que nunca mais tiveram lugar, tal como sucedeu com os prémios Laranja e Limão.

Ainda poderia escrever sobre como acompanhei solitariamente o “Caso N’Dinga” e o reconhecimento que isso me valeu por parte da Académica, dedicando-me uma página inteira da revista “Briosa”, no tempo em que a instituição era muito mais do que, infelizmente, é agora.

Poderia escrever sobre muitas coisas, como vêem. Mas tenho para mim que, sobretudo numa situação como aquela em que me encontro, a escrita tem de ser um momento de prazer.

Não sei se é da constipação, não sei se é do tempo, se é dos compromissos que tenho nos próximos dias. Não sei… O que sei é que qualquer daqueles assuntos só pode ser abordado com paixão. O que não aconteceria se hoje escrevesse sobre eles.

Talvez amanhã. Talvez depois.

RELATED ARTICLES

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

- Advertisment -

Most Popular

Recent Comments

Célia Franco on Redacção da TSF ocupada
Maria da Conceição de Oliveira on Liceu D. Maria: reencontro 40 anos depois
maria fernanda martins correia on Água em Coimbra 54% mais cara do que em Lisboa
Eduardo Varandas on Conversas [Vasco Francisco]
Emília Trindade on Um nascimento atribulado
Emília Trindade on Sonhos… [Mário Nicolau]
Emília Trindade on Sonhos… [Mário Nicolau]
José da Conceição Taborda on João Silva
Cristina Figueiredo on Encontro Bata Azul 40 anos
Maria Emília Seabra on Registos – I [Eduardo Aroso]
São Romeiro on Encontro Bata Azul 40 anos
Maria do Rosário Portugal on Ricardo Castanheira é suspenso e abandona PS
M Conceição Rosa on Quando a filha escreve no jornal…
José Maria Carvalho Ferreira on COIMBRA JORNAL tem novos colaboradores
Maria Isabel Teixeira Gomes on COIMBRA JORNAL tem novos colaboradores
Maria de Fátima Martins on Prof. Jorge Santos terminou a viagem
margarida Pedroso de lima on Prof. Jorge Santos terminou a viagem
Manuel Henrique Saraiva on Como eu vi o “Prós e Contras” da RTP
Armando Manuel Silvério Colaço on Qual é a maior nódoa negra de Coimbra?
Maria de Fátima Pedroso Barata Feio Sariva on Encarnação inaugurou Coreto com mais de 100 anos
Isabel Hernandez on Lembram-se do… Viegas?
Maria Teresa Freire Oliveira on Crónica falhada: um ano no Fundo de Desemprego
Maria Teresa Freire Oliveira on REPORTAGEM / Bolas de Berlim porta-a-porta
Eduardo Manuel Dias Martins Aroso on Crónica falhada: um ano no Fundo de Desemprego
Maria Madalena >Ferreira de Castro on Crónica falhada: um ano no Fundo de Desemprego
Eduardo Manuel Dias Martins Aroso on INSÓLITO / Tacho na sessão da Câmara de Miranda
Ermenilde F.C.Cipriano on REPORTAGEM / Bolas de Berlim porta-a-porta
Eduardo Manuel Dias Martins Aroso on De onde sou, sempre serei
Carlos Santos on Revolta de um professor
Eduardo Varandas on De onde sou, sempre serei
Norberto Pires on Indignidade [Norberto Pires]
Luis Miguel on Revolta de um professor
Fernando José Pinto Seixas on Indignidade [Norberto Pires]
Olga Rodrigues on De onde sou, sempre serei
Eduardo Saraiva on Pergunta inquietante
mritasoares@hotmail.com on Hoje há poesia (15h00) na Casa da Cultura
Eduardo Varandas on Caricatura 3 (por Victor Costa)
Maria do Carmo Neves on FERREIRA FERNANDES sobre Sócrates
Maria Madalena Ferreira de Castro on Revalidar a carta de condução
Eduardo Saraiva on Eusébio faleceu de madrugada
Luís Pinheiro on No Café Montanha
Maria Madalena Ferreira de Castro on Eusébio faleceu de madrugada
José Maria Carvalho Ferreira on José Basílio Simões no “Expresso”
Maria Madalena Ferreira de Castro on Carta de Lisboa
Manuel Fernandes on No Café Montanha
Rosário Portugal on Desabamento na Estrada de Eiras
manuel xarepe on No Café Montanha
Jorge Antunes on Mataram-me a freguesia
António Conchilha Santos on Nota de abertura
Herminio Ferreira Rico on Ideias e idiotas!
José Reis on Nota de abertura
Eduardo Varandas on Caricatura
Eduardo Varandas on Miradouro da Lua
Célia Franco on Nota de abertura
Apolino Pereira on Nota de abertura
Armando Gonçalves on Nota de abertura
José Maria Carvalho Ferreira on Nota de abertura
Jorge Antunes on Nota de abertura
João Gaspar on Nota de abertura
Ana Caldeira on Nota de abertura
Diamantino Carvalho on Mataram-me a freguesia
António Olayo on Nota de abertura
Alexandrina Marques on Nota de abertura
Luis Miguel on Nota de abertura
Joao Simões Branco on Nota de abertura
Jorge Castilho on Nota de abertura
Luísa Cabral Lemos on Nota de abertura
José Quinteiro on Nota de abertura
Luiz Miguel Santiago on Nota de abertura
Fernando Regêncio on Nota de abertura
Mário Oliveira on Nota de abertura