Não estão a correr bem as coisas na Câmara Municipal de Coimbra, segundo se depreende de dois documentos divulgados ontem por vereadores da oposição: José Belo (PSD) e Ferreira da Silva (Cidadãos por Coimbra – CPC). O socialista Manuel Machado, pelo que se conclui, mantém o estilo de há 20 anos atrás…
«Até agora, a oposição continua sem espaço, nem apoio logístico ou humano, para se reunir ou receber os cidadãos; até agora, ainda não recebemos, também, nenhuma informação sobre “nada” que possa ter considerável importância local para podermos estar presentes e participar», escreveu José Belo, num texto intitulado “Maleitas antidemocráticas”.
Ferreira da Silva, ao intervir na reunião de ontem do Executivo municipal, criticou «a persistência» de Manuel Machado «em incumprir o n.º 7 do artigo 42.º da Lei 75/2013, que o obriga a disponibilizar a todos os vereadores os meios físicos, materiais e humanos necessários ao cabal desempenho do seu mandato». E acrescentou: «Lá , se vai, afinal, na volatilidade das palavras, a sua promessa do dia da tomada de posse, aqui na sala ao lado, [de] que todos, mesmo todos, os vereadores seriam chamados à acção política, tentando, antes, fazer de nós, vereadores sem pelouro, meros ratificadores de decisões tomadas».
Vai ser interessante acompanhar o desempenho Manuel Machado na dupla qualidade de presidente da Câmara de Coimbra e de presidente da Associação Nacional de Municípios. Ferreira da Silva colocou muito bem a questão: «Como gostaríamos de sentir que a disponibilidade manifestada por V. Exa. para o diálogo e a convergência no exercício desse seu mandato [como presidente da ANMP], pudesse estender-se a Coimbra. O que, lamentavelmente, não tem acontecido».
No entanto, como salientou José Belo, a situação não é nova: «Aliás, é bom que se diga, que infelizmente, não há originalidade nesta lamentável “birra”. Em tempos já idos houve um folhetim, que encheu as páginas dos jornais locais, parecido com este. A memória lembra os seus protagonistas: o actual presidente da Câmara e o vereador de então Jorge Gouveia Monteiro».
Ou seja: Manuel Machado parece persistir no mesmo comportamento de há duas décadas atrás. Mas esquece-se de dois pormenores importantes: o Mundo, hoje, é muito diferente, a informação circula muito mais depressa e por muitos “meios alternativos”; e, agora, o PS não tem maioria absoluta, apenas dispõe de uma maioria relativa.
Espero bem enganar-me, mas a continuarem a suceder-se episódios como este (o de não facultar os meios mínimos para a Oposição participar na vida do município) e o da fixação da taxa de IMI (ontem aprovada na Assembleia Municipal depois de Manuel Machado ter aumentado em 100% as transferências para as juntas de freguesia), a continuarem as coisas assim, o presidente socialista arrisca-se a quatro anos de… purgatório.
ADVERTÊNCIA – Aos que aparecem sempre nestas alturas colados ao Poder (e fico-me por esta caracterização genérica, para não utilizar termos mais populares…), recordo que nada tenho a ver nem com as decisões de Manuel Machado nem com as intervenções de José Belo e José Manuel Ferreira da Silva. Nem tomei umas, nem escrevi as outras. Entendidos? Felizmente vivemos em Democracia e todos somos livres de pensar pela própria cabeça. Para além disso, nos actos eleitorais todos temos direito a UM voto.