17.2 C
Coimbra
Quinta-feira, 21 Setembro, 2023
InícioDESTAQUELuiz Goes, presente!

Luiz Goes, presente!

web Youtube Goes(clique na imagem para ouvir a “Balada da distância”, letra e música de Luiz Goes)

 

Se o Deus assim o quisesse, Luiz Goes completaria hoje, 5 de Janeiro, 81 anos. Mas a grande voz do Fado de Coimbra, a maior de sempre, partiu há mais de um ano, no final do Verão de 2012, na véspera da Académica regressar em Plzen (República Checa) às competições europeias de futebol, após interregno de quatro décadas.

Chorei ao despedir-me na Igreja de Santa Cruz de um dos meus ídolos. E ao chegar a casa sentei-me ao computador e durante horas lutei com as teclas. E com os olhos. O texto que então escrevi, num final de tarde quente de Setembro, pela noite adentro, é o mais lido de sempre de quantos publiquei no Facebook. Centenas e centenas de “Gostos”, mais de duas centenas de partilhas.

É esse texto que hoje recordo aqui, como preito singelo de homenagem a um Homem que foi tão grande como só os Grandes homens sabem ser.

* * * 

CARTA (póstuma) A LUIZ GOES

Olha, Luiz, foi muito digno o funeral.
Santa Cruz cheia. As portas abertas de par em par.
Doutores e futricas, povo simples e autoridades, malta das canções e da bola. O Octávio, o Pato, o Moura, os Campos, o Belo e o Marques. Amigos conhecidos, gente anónima. O Edmundo.
No final, o Polybio deu-te um abraço em nome dos colegas de curso, o Carlos conseguiu declamar por entre as lágrimas aquele poema que costumavam cantar juntos.
A Academia esteve representada ao mais alto nível e foram eles que te colocaram por cima a bandeira da Associação.
Cumpriu-se também o teu outro desejo: ouviu-se o «Ó Coimbra do Mondego / E dos amores que eu lá tive…». (Olha, desculpa, disseste que não querias choraminguices, mas eu chorei como uma Maria Madalena, de pé, que o momento era sagrado).
Estava muito calor e várias dezenas de pessoas ao sol no Largo de Sansão. A malta despediu-se de ti à porta da igreja com um F-R-A. E quando o carro fúnebre começou a andar, mesmo atrás de mim, ali para o lado da Carmina, uma jovem já entradota na idade enviou-te um sonoro «Adeus, querido!». E o companheiro dela, não sei se de circunstância se da vida, acrescentou de imediato «Faz boa viagem, pá!». Era a Coimbra futrica a saudar-te, coração aberto, alma ao léu.
Foste chorado por muitos daqueles que te admiravam; ou melhor, que te amavam. Porque tu eras, és, a nossa voz. O Alcoforado não tirou os óculos escuros na hora e meia dentro da igreja. E à saída muitos eram os olhos moídos pelas lágrimas. Mas olha, Luiz, acho que quem chorou mais foi o Carlos, esse, esse mesmo, o teu “irmão” das últimas duas décadas.
>E pronto. Como bem sabes, partiu o meu ídolo de criança, que só conheci pessoalmente já bem adulto. Mas ficou o Amigo com quem depois tive o privilégio de conviver por aqui e por ali.
Um dia destes reencontramo-nos, Luiz, está bem?

(texto publicado originalmente no Facebook em 19/9/2012)

RELATED ARTICLES

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

- Advertisment -

Most Popular

Recent Comments

Célia Franco on Redacção da TSF ocupada
Maria da Conceição de Oliveira on Liceu D. Maria: reencontro 40 anos depois
maria fernanda martins correia on Água em Coimbra 54% mais cara do que em Lisboa
Eduardo Varandas on Conversas [Vasco Francisco]
Emília Trindade on Um nascimento atribulado
Emília Trindade on Sonhos… [Mário Nicolau]
Emília Trindade on Sonhos… [Mário Nicolau]
José da Conceição Taborda on João Silva
Cristina Figueiredo on Encontro Bata Azul 40 anos
Maria Emília Seabra on Registos – I [Eduardo Aroso]
São Romeiro on Encontro Bata Azul 40 anos
Maria do Rosário Portugal on Ricardo Castanheira é suspenso e abandona PS
M Conceição Rosa on Quando a filha escreve no jornal…
José Maria Carvalho Ferreira on COIMBRA JORNAL tem novos colaboradores
Maria Isabel Teixeira Gomes on COIMBRA JORNAL tem novos colaboradores
Maria de Fátima Martins on Prof. Jorge Santos terminou a viagem
margarida Pedroso de lima on Prof. Jorge Santos terminou a viagem
Manuel Henrique Saraiva on Como eu vi o “Prós e Contras” da RTP
Armando Manuel Silvério Colaço on Qual é a maior nódoa negra de Coimbra?
Maria de Fátima Pedroso Barata Feio Sariva on Encarnação inaugurou Coreto com mais de 100 anos
Isabel Hernandez on Lembram-se do… Viegas?
Maria Teresa Freire Oliveira on Crónica falhada: um ano no Fundo de Desemprego
Maria Teresa Freire Oliveira on REPORTAGEM / Bolas de Berlim porta-a-porta
Eduardo Manuel Dias Martins Aroso on Crónica falhada: um ano no Fundo de Desemprego
Maria Madalena >Ferreira de Castro on Crónica falhada: um ano no Fundo de Desemprego
Eduardo Manuel Dias Martins Aroso on INSÓLITO / Tacho na sessão da Câmara de Miranda
Ermenilde F.C.Cipriano on REPORTAGEM / Bolas de Berlim porta-a-porta
Eduardo Manuel Dias Martins Aroso on De onde sou, sempre serei
Carlos Santos on Revolta de um professor
Eduardo Varandas on De onde sou, sempre serei
Norberto Pires on Indignidade [Norberto Pires]
Luis Miguel on Revolta de um professor
Fernando José Pinto Seixas on Indignidade [Norberto Pires]
Olga Rodrigues on De onde sou, sempre serei
Eduardo Saraiva on Pergunta inquietante
mritasoares@hotmail.com on Hoje há poesia (15h00) na Casa da Cultura
Eduardo Varandas on Caricatura 3 (por Victor Costa)
Maria do Carmo Neves on FERREIRA FERNANDES sobre Sócrates
Maria Madalena Ferreira de Castro on Revalidar a carta de condução
Eduardo Saraiva on Eusébio faleceu de madrugada
Luís Pinheiro on No Café Montanha
Maria Madalena Ferreira de Castro on Eusébio faleceu de madrugada
José Maria Carvalho Ferreira on José Basílio Simões no “Expresso”
Maria Madalena Ferreira de Castro on Carta de Lisboa
Manuel Fernandes on No Café Montanha
Rosário Portugal on Desabamento na Estrada de Eiras
manuel xarepe on No Café Montanha
Jorge Antunes on Mataram-me a freguesia
António Conchilha Santos on Nota de abertura
Herminio Ferreira Rico on Ideias e idiotas!
José Reis on Nota de abertura
Eduardo Varandas on Caricatura
Eduardo Varandas on Miradouro da Lua
Célia Franco on Nota de abertura
Apolino Pereira on Nota de abertura
Armando Gonçalves on Nota de abertura
José Maria Carvalho Ferreira on Nota de abertura
Jorge Antunes on Nota de abertura
João Gaspar on Nota de abertura
Ana Caldeira on Nota de abertura
Diamantino Carvalho on Mataram-me a freguesia
António Olayo on Nota de abertura
Alexandrina Marques on Nota de abertura
Luis Miguel on Nota de abertura
Joao Simões Branco on Nota de abertura
Jorge Castilho on Nota de abertura
Luísa Cabral Lemos on Nota de abertura
José Quinteiro on Nota de abertura
Luiz Miguel Santiago on Nota de abertura
Fernando Regêncio on Nota de abertura
Mário Oliveira on Nota de abertura