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Domingo, 9 Fevereiro, 2025
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A Ciência em Portugal

ANTÓNIO PIEDADE *

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Os países mais desenvolvidos também são aqueles que mais investem em ciência e tecnologia. Por outro lado, a ciência floresce mais nos países democráticos. Isto não é de estranhar pelo facto de a actividade científica ser intrinsecamente democrática. A ciência exige pensamento livre, debate de opiniões contrárias e diversas, uma atitude céptica e crítica, a verificação experimental das hipóteses e das teorias científicas que são os alicerces da nossa melhor compreensão sobre o universo em que existimos.

Também em Portugal a ciência floresceu com a implantação do regime democrático após o 25 de Abril de 1974. De facto, nos últimos 40 anos formaram-se mais cientistas do que em toda a anterior história de Portugal. Concomitantemente, a produção científica portuguesa aumentou exponencialmente e projectou a sua excelência a nível internacional. É igualmente de assinalar neste período o aumento significativo de empresas de base tecnológica, fruto da transferência de saber científico das universidades e centros investigação para a sociedade, galvanizando a economia. Caso exemplar disto verificou-se em Coimbra através da acção incubadora e pioneira do Instituto Pedro Nunes, de que resultaram empresas de sucesso internacional como a Critical Software, a ISA, a Crioestaminal, entre muitas outras.
O nome de Pedro Nunes relega-nos para outra dimensão da história da ciência em Portugal. Tendo sido um dos maiores matemáticos e cientistas do seu tempo, viveu no século XVI, é também um dos primeiros cientistas portugueses numa época em que a ciência se engrandece em Portugal. É hoje incontestável que a grande empresa dos descobrimentos foi acompanhada por um contributo português singular para o desenvolvimento da ciência moderna ocidental. Ademais, a globalização portuguesa permitiu e condicionou a revolução científica e humana do renascimento europeu.

Tudo isto vem a propósito da publicação, em Dezembro de 2013, do mais recente livro do Professor Carlos Fiolhais. Com o título “História da Ciência em Portugal”, é uma obra ímpar que vem permitir o acesso à história dos nossos cientistas ao longo de sete séculos de ciência entre nós, num registo de divulgação sem pretensões de ensaio académico e num volume único.
Esta obra, pela sua característica inédita, é ela própria um marco histórico no contexto da ciência em Portugal. Carlos Fiolhais, um dos principais e incontornável divulgador de ciência em Portugal, oferece-nos um livro muito útil, que perspectiva um olhar inédito sobre um território pouco conhecido da história portuguesa.
Com este livro é possível conhecer melhor as oscilações verificadas na actividade científica ao longo do tempo e de como elas estão associadas a outros acontecimentos que marcaram a história portuguesa. Aquém disso, e ao longo deste livro editado pela Arranha-Céus, o leitor pode encontrar episódios interessantes e antes desconhecidos da nossa história, através de uma escrita cativante e bem humorada. Diga-se, para terminar, que esta obra inclui uma cronologia, um dicionário de cientistas portugueses e estrangeiros que trabalharam entre nós, e uma interessante bibliografia para outras leituras complementares.
Não há nada melhor para começar do que conhecer bem a nossa história.

António Piedade COIMBRA COM CIÊNCIA

* Consultor científico no projecto Ciência na Imprensa Regional / Investigador na Universidade de Coimbra

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