17.6 C
Coimbra
Quinta-feira, 21 Setembro, 2023

Eusébio

ZÉ DA ALHADA *

Existem comentários que não merecem uma palavra, pela mediocridade da sensatez, da decência intelectual e, também, pela inqualificável cortesia.
Alguns trauliteiros das palavras vieram, agora, a terreiro, aquando da morte de Eusébio, esmurrar o nosso – porque é do Mundo – maior ícone do desporto-rei, Eusébio.
Um deles foi o “avô” Soares, o desta terrinha, da minha. Sem tento na língua, não esteve para preceitos e lá foi dizendo que o Eusébio até bebia umas coisas e demais… Que impropério, que desfaçatez e que loucura de palavras. Mas, as “bocas” do “avô” Soares só foram transmitidas umas duas a três vezes, porque alguém deve ter dado ordens para travar tamanha desonra e deselegância.

Eusébio, foi um “ícone” do futebol português e um ídolo internacional.Foi, também, uma das marcas vivas de maior prestígio e com a máxima visibilidade de um Portugal que deve exaltar as suas figuras, quaisquer que elas sejam.
Além do mais, Eusébio, nascido na capital de Moçambique, teve a fibra de um Povo, o moçambicano, que empresta humildade aos actos, subtileza na palavra, dignidade no trato, condescendência na atitude e alma capaz de saber perdoar atitudes e safanões.

Eusébio jogava, enquanto menino, nas ruas da ex-Lourenço Marques. Descalço, porque os tempos corriam de outra forma… Sem bola, porque a época era escassa em moedas para comprar desperdícios. Com a garra de quem sonhava ter sonhos para, um dia, jogar num “grande” dos futebóis, porque só esses poderiam dar estatuto e as coroas para enfrentar a vida, Eusébio venceu na vida. Tinha jeito para transpor o adversário, levar a pelota até à baliza e introduzi-la para a vitória. Com emoção e com o saber de goleador, empolgou os adeptos e fê-los vibrar nas bancadas de estádios, repletos de multidões “drogadas” pelo efeito do espectáculo da Bola.
Andei pelo Mundo e, em qualquer parte, ao falar de Eusébio, toda a gente o conhecia e o reconhecia, bem como à Senhora D. Amália.

É pena que os nossos desacreditados políticos, e a nossa vergonhosa política, já não tenham introduzido na História portuguesa um pouco da vida e da obra, de um e de outro.
Qualquer país de orgulho nacionalista, de História, de Tradições, de Figuras e de Cidadania activa, deve exaltar os seus, porque a vida é feita de pequenos e de grandes actos, gestos, decisões, atitudes, actuações, presenças e de palavras. Tentar escarnecer, como o fez o “avô” Soares, figuras como a de Eusébio, define quem propalou as “bocas”.

Eusébio merece, também, apesar de tudo e do demais, que Moçambique se recorde dele, enaltecendo a sua vida e a sua obra, em qualquer recanto da cidade que o viu nascer, bem como dando-lhe guarida nas páginas da História do país e nas das escolas. É dos “exemplos certificados”, com a chancela de uma qualidade que só pertence ao grupo dos bons e dos mais prestigiados, de que vivem e se alimentam as Nações e os Cidadãos. Eusébio tem vastos episódios para figurarem no “cardápio” dos Figurantes mais dignos de um país. E ele não foi, de todo e só, português, porque tem “costela”, tez e respira Moçambique.
Eusébio foi dos mais dignos executores de futebol e foi das Figuras mais nobres, mais emblemáticas, mais cativantes e mais contagiantes que o País pode levar a qualquer parte como símbolo da Nação e do desporto-rei.

Faço votos para que o “Pantera Negra”, do patamar onde agora chegou, saiba perdoar (aliás, como sempre o soube fazer) a um “avô” que já nos habituámos a conhecer e que não tem sabido olhar para si próprio. Ora diga lá, “avô” Soares, se uma soneca das suas não fica tão mal em cerimónias oficiais e outras? Não atire pedras, porque lhe podem cair em cima… A vida particular e íntima de Eusébio só a ele e a Deus pertencem, o resto são malfeitorias de um tipo de gente que desbragadamente sempre teve jeito e modo para “insultar” quem não devia – até, e quanto mais não fosse, por uma questão de decência, educação e elevação humana.
Este “avô cantigas” está fora de prazo e de tempo. As suas palavras só têm eco em escadarias de uma esquerda folclórica ridícula e peçonhenta.

* pseudónimo

Do-meu-telhado-seccao

RELATED ARTICLES

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

- Advertisment -

Most Popular

Recent Comments

Célia Franco on Redacção da TSF ocupada
Maria da Conceição de Oliveira on Liceu D. Maria: reencontro 40 anos depois
maria fernanda martins correia on Água em Coimbra 54% mais cara do que em Lisboa
Eduardo Varandas on Conversas [Vasco Francisco]
Emília Trindade on Um nascimento atribulado
Emília Trindade on Sonhos… [Mário Nicolau]
Emília Trindade on Sonhos… [Mário Nicolau]
José da Conceição Taborda on João Silva
Cristina Figueiredo on Encontro Bata Azul 40 anos
Maria Emília Seabra on Registos – I [Eduardo Aroso]
São Romeiro on Encontro Bata Azul 40 anos
Maria do Rosário Portugal on Ricardo Castanheira é suspenso e abandona PS
M Conceição Rosa on Quando a filha escreve no jornal…
José Maria Carvalho Ferreira on COIMBRA JORNAL tem novos colaboradores
Maria Isabel Teixeira Gomes on COIMBRA JORNAL tem novos colaboradores
Maria de Fátima Martins on Prof. Jorge Santos terminou a viagem
margarida Pedroso de lima on Prof. Jorge Santos terminou a viagem
Manuel Henrique Saraiva on Como eu vi o “Prós e Contras” da RTP
Armando Manuel Silvério Colaço on Qual é a maior nódoa negra de Coimbra?
Maria de Fátima Pedroso Barata Feio Sariva on Encarnação inaugurou Coreto com mais de 100 anos
Isabel Hernandez on Lembram-se do… Viegas?
Maria Teresa Freire Oliveira on Crónica falhada: um ano no Fundo de Desemprego
Maria Teresa Freire Oliveira on REPORTAGEM / Bolas de Berlim porta-a-porta
Eduardo Manuel Dias Martins Aroso on Crónica falhada: um ano no Fundo de Desemprego
Maria Madalena >Ferreira de Castro on Crónica falhada: um ano no Fundo de Desemprego
Eduardo Manuel Dias Martins Aroso on INSÓLITO / Tacho na sessão da Câmara de Miranda
Ermenilde F.C.Cipriano on REPORTAGEM / Bolas de Berlim porta-a-porta
Eduardo Manuel Dias Martins Aroso on De onde sou, sempre serei
Carlos Santos on Revolta de um professor
Eduardo Varandas on De onde sou, sempre serei
Norberto Pires on Indignidade [Norberto Pires]
Luis Miguel on Revolta de um professor
Fernando José Pinto Seixas on Indignidade [Norberto Pires]
Olga Rodrigues on De onde sou, sempre serei
Eduardo Saraiva on Pergunta inquietante
mritasoares@hotmail.com on Hoje há poesia (15h00) na Casa da Cultura
Eduardo Varandas on Caricatura 3 (por Victor Costa)
Maria do Carmo Neves on FERREIRA FERNANDES sobre Sócrates
Maria Madalena Ferreira de Castro on Revalidar a carta de condução
Eduardo Saraiva on Eusébio faleceu de madrugada
Luís Pinheiro on No Café Montanha
Maria Madalena Ferreira de Castro on Eusébio faleceu de madrugada
José Maria Carvalho Ferreira on José Basílio Simões no “Expresso”
Maria Madalena Ferreira de Castro on Carta de Lisboa
Manuel Fernandes on No Café Montanha
Rosário Portugal on Desabamento na Estrada de Eiras
manuel xarepe on No Café Montanha
Jorge Antunes on Mataram-me a freguesia
António Conchilha Santos on Nota de abertura
Herminio Ferreira Rico on Ideias e idiotas!
José Reis on Nota de abertura
Eduardo Varandas on Caricatura
Eduardo Varandas on Miradouro da Lua
Célia Franco on Nota de abertura
Apolino Pereira on Nota de abertura
Armando Gonçalves on Nota de abertura
José Maria Carvalho Ferreira on Nota de abertura
Jorge Antunes on Nota de abertura
João Gaspar on Nota de abertura
Ana Caldeira on Nota de abertura
Diamantino Carvalho on Mataram-me a freguesia
António Olayo on Nota de abertura
Alexandrina Marques on Nota de abertura
Luis Miguel on Nota de abertura
Joao Simões Branco on Nota de abertura
Jorge Castilho on Nota de abertura
Luísa Cabral Lemos on Nota de abertura
José Quinteiro on Nota de abertura
Luiz Miguel Santiago on Nota de abertura
Fernando Regêncio on Nota de abertura
Mário Oliveira on Nota de abertura