16.8 C
Coimbra
Quinta-feira, 30 Novembro, 2023
InícioDESTAQUETarifa de saneamento sobe 111%

Tarifa de saneamento sobe 111%

web1-factura-versoAumento de 111% na tarifa do saneamento
(clique na imagem para ampliar)

Até parece que vivemos em tempos de “vacas gordas”. Mas não é isso que sucede na realidade: a crise está instalada e, pelo que se vê, estará para durar, agravando cada vez mais as condições de vida dos portugueses.
Mas a “dupla” Câmara Municipal de Coimbra / Águas de Coimbra deve desconhecer o facto, já que aumentou em 111% a última parcela da factura da água, relativa à “TRH Saneamento”, um valor que é multiplicado pelo número de metros cúbicos de água consumidos.
Até Dezembro, a taxa era de pouco mais de 1 cêntimo (0,0113) por cada metro cúbico. A partir de Janeiro, aumentou para mais do dobro, para quase 2,4 cêntimos (0,0238).

Ao mesmo tempo, a taxa fixa de disponibilização do serviço de água (o antigo “aluguer do contador”) desceu 5%, de 4,10 euros, para 3,895. A única descida para os consumidores domésticos, que continuam a pagar cada metro cúbico de água a 0,55 euros (os primeiros) e a 0,81 (os seguintes). Ou seja: a redução de preço aconteceu apenas na primeira das várias tarifas que constam na factura da água. Mas a última tarifa subiu, e bem – nada menos do que 111%. Assim, quem gastar 17 metros cúbicos (ou mais) de água por mês, pagará sempre um valor superior ao que pagava no ano passado, não tendo direito a qualquer desconto.

A factura da água é pretexto ainda para outras reflexões.

I. No caso acima mostrado, a um consumo de água de 7,78 euros (já com IVA) corresponde um débito de 22,61 euros (ou seja, praticamente o triplo), devido às várias “alcavalas” que constam na factura.

II.
Da factura constam duas parcelas relativas a resíduos sólidos. Ou seja, ao lixo. O respectivo regulamento refere que esta verba se destina a pagar o serviço de recolha do lixo depositado nos contentores e à varredura dos espaços públicos. Ora se a rua onde moro não é varrida durante meses (já esteve sem ser varrida durante muitos anos!), será legítimo que a autarquia cobre por um serviço que não presta? [Haverá algum jurista que queira esclarecer este aspecto e/ou estudar a hipótese de uma acção contra a Câmara Municipal, por incumprimento do regulamento do serviço que ela própria definiu, visando a devolução de parte do dinheiro?]

III. Não será possível voltar a colocar em debate no espaço público esta monstruosidade das “taxas fixas”? Não é suposto que o fornecedor de um serviço o disponibilize aos consumidores? De outra forma, que serviço é que prestaria?

IV. Para que servem os impostos que os cidadãos pagam às câmaras municipais, designadamente o IMI? Não é para que elas mantenham em condições de higiene e salubridade a área do respectivo município? Porquê, então, a (nova) cobrança destes serviços essenciais?

V. A terminar, uma reflexão sobre a minha área profissional. A divulgação da (falsa) baixa do preço da água em Coimbra foi um dos momentos mais negros do jornalismo diário na cidade nos últimos tempos, obrigando a que dois dias depois ambos os jornais escrevessem aquilo que era, e sempre foi, a realidade: apenas baixava a “taxa de aluguer do contador”. Nada mais. Agora, feitas as contas, e considerando os 111% de aumento da taxa fixa do saneamento, para muitos conimbricenses mesmo a irrisória “descida de preço” (20 cêntimos) não será mais do que… uma ilusão.

web-recortes

Pormenores das capas das edições de 19 de Dezembro de 2013

POST SCRIPTUM – Nos últimos anos, por mera “disponibilidade cidadã”, tenho-me ocupado da limpeza dos três “escoadouros de água” documentados na foto, localizados junto ao prédio onde moro. Decidi deixar de o fazer. Tanto me importa que a água galgue o passeio e vá destruindo a calçada, como não. Agora que comprovo que a tarifa do saneamento aumentou 111%, decidi deixar de ser… voluntário. E esta é, também, uma atitude de Cidadania.

web-escoadouros

Rua da Liberdade, Bairro de S. Miguel, ontem à tarde

RELATED ARTICLES

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

- Advertisment -

Most Popular

Recent Comments

Célia Franco on Redacção da TSF ocupada
Maria da Conceição de Oliveira on Liceu D. Maria: reencontro 40 anos depois
maria fernanda martins correia on Água em Coimbra 54% mais cara do que em Lisboa
Eduardo Varandas on Conversas [Vasco Francisco]
Emília Trindade on Um nascimento atribulado
Emília Trindade on Sonhos… [Mário Nicolau]
Emília Trindade on Sonhos… [Mário Nicolau]
José da Conceição Taborda on João Silva
Cristina Figueiredo on Encontro Bata Azul 40 anos
Maria Emília Seabra on Registos – I [Eduardo Aroso]
São Romeiro on Encontro Bata Azul 40 anos
Maria do Rosário Portugal on Ricardo Castanheira é suspenso e abandona PS
M Conceição Rosa on Quando a filha escreve no jornal…
José Maria Carvalho Ferreira on COIMBRA JORNAL tem novos colaboradores
Maria Isabel Teixeira Gomes on COIMBRA JORNAL tem novos colaboradores
Maria de Fátima Martins on Prof. Jorge Santos terminou a viagem
margarida Pedroso de lima on Prof. Jorge Santos terminou a viagem
Manuel Henrique Saraiva on Como eu vi o “Prós e Contras” da RTP
Armando Manuel Silvério Colaço on Qual é a maior nódoa negra de Coimbra?
Maria de Fátima Pedroso Barata Feio Sariva on Encarnação inaugurou Coreto com mais de 100 anos
Isabel Hernandez on Lembram-se do… Viegas?
Maria Teresa Freire Oliveira on Crónica falhada: um ano no Fundo de Desemprego
Maria Teresa Freire Oliveira on REPORTAGEM / Bolas de Berlim porta-a-porta
Eduardo Manuel Dias Martins Aroso on Crónica falhada: um ano no Fundo de Desemprego
Maria Madalena >Ferreira de Castro on Crónica falhada: um ano no Fundo de Desemprego
Eduardo Manuel Dias Martins Aroso on INSÓLITO / Tacho na sessão da Câmara de Miranda
Ermenilde F.C.Cipriano on REPORTAGEM / Bolas de Berlim porta-a-porta
Eduardo Manuel Dias Martins Aroso on De onde sou, sempre serei
Carlos Santos on Revolta de um professor
Eduardo Varandas on De onde sou, sempre serei
Norberto Pires on Indignidade [Norberto Pires]
Luis Miguel on Revolta de um professor
Fernando José Pinto Seixas on Indignidade [Norberto Pires]
Olga Rodrigues on De onde sou, sempre serei
Eduardo Saraiva on Pergunta inquietante
mritasoares@hotmail.com on Hoje há poesia (15h00) na Casa da Cultura
Eduardo Varandas on Caricatura 3 (por Victor Costa)
Maria do Carmo Neves on FERREIRA FERNANDES sobre Sócrates
Maria Madalena Ferreira de Castro on Revalidar a carta de condução
Eduardo Saraiva on Eusébio faleceu de madrugada
Luís Pinheiro on No Café Montanha
Maria Madalena Ferreira de Castro on Eusébio faleceu de madrugada
José Maria Carvalho Ferreira on José Basílio Simões no “Expresso”
Maria Madalena Ferreira de Castro on Carta de Lisboa
Manuel Fernandes on No Café Montanha
Rosário Portugal on Desabamento na Estrada de Eiras
manuel xarepe on No Café Montanha
Jorge Antunes on Mataram-me a freguesia
António Conchilha Santos on Nota de abertura
Herminio Ferreira Rico on Ideias e idiotas!
José Reis on Nota de abertura
Eduardo Varandas on Caricatura
Eduardo Varandas on Miradouro da Lua
Célia Franco on Nota de abertura
Apolino Pereira on Nota de abertura
Armando Gonçalves on Nota de abertura
José Maria Carvalho Ferreira on Nota de abertura
Jorge Antunes on Nota de abertura
João Gaspar on Nota de abertura
Ana Caldeira on Nota de abertura
Diamantino Carvalho on Mataram-me a freguesia
António Olayo on Nota de abertura
Alexandrina Marques on Nota de abertura
Luis Miguel on Nota de abertura
Joao Simões Branco on Nota de abertura
Jorge Castilho on Nota de abertura
Luísa Cabral Lemos on Nota de abertura
José Quinteiro on Nota de abertura
Luiz Miguel Santiago on Nota de abertura
Fernando Regêncio on Nota de abertura
Mário Oliveira on Nota de abertura