ALEXANDRA BIGOTTE DE ALMEIDA *
E depois há aqueles que utilizam o triste fado de outros como forma de se auto-promoverem. Tenham paciência e cresçam.
A Praxe pode não ser humilhação. A Praxe pode não ser tortura. Mas é como em algumas relações, os jogos de poder enraízam-se nos cérebros menos desenvolvidos e as agressões, físicas e psicológicas, são exploradas das mais diversas maneiras.
Fui Praxada. Estive na Comissão de Praxe. Praxei. E posso garantir-vos que o melhor que dali levo não são os ditos “amigos”, porque felizmente ainda tenho a capacidade de me inserir sozinha numa comunidade. O melhor que dali levo é o respeito pela Academia. O respeito secular de uma indumentária que muitos nem sabem qual a sua origem.
E querem saber de uma história? Referia-me a Coimbra, porque fui vítima de abusos na Academia Minhota (bam! escândalo nas redes sociais já!). E não estava em Praxe (a minha paciência para essas brincadeiras ficou guardada com a minha Capa e Batina). E sabem o que fiz ao ser agressivamente agarrada nos pulsos e braços, numa das primeiras semanas em Guimarães? Educadamente disse ao “Sr. Engenheiro” que já berrava «Nome e curso?!» (coitado! ainda nem metade das minhas matrículas tinha!): «Não tens que saber quem sou, mas digo-te que acabei de chegar, e se por ter colocado a minha mão nesse vosso objeto “sagrado” desrespeitei a Academia (mentes poluídas à parte, não refiro o objeto porque para além de querer evitar mais problemas, não interessa para a história), só tinhas que me explicar que errei. Porque envergar esse Traje não te dá o direito nem poder de maltratar ninguém, dá-te o dever de ensinar os que chegam, e por acaso não sou caloira, mas se fosse, garanto-te que nunca mais via com bons olhos a Praxe!».
Mais tarde acabou por se colocar de joelhos e pedir desculpa, por ordem de um superior hierárquico seu. Como Coimbrinha de gema que sou, disse que trocava a humilhação dele por uma cerveja fresquinha, e o caso ficou por ali.
Portanto meus amigos, vivi duas realidades. E sei no entanto que tanto há abusos no Minho, como há abusos em Coimbra, e por aí adiante. Temos de ser nós que defendemos a verdadeira concepção da Praxe, a ser também os seus embaixadores. Abusos há em todo o lado. Como disse, é como numa relação.
E agora pergunto: até quando vais permitir que o verdadeiro objetivo da Praxe seja escondido? Deixem-se lá de eventos no Facebook com argumentações “pointless”, deixem-se lá de entrevistas que camuflam a verdade.
Não é hora de acabar com o problema pela raiz. Se a Praxe é como uma relação, não há que acabar com todas as relações, acabar com a Praxe. Há sim que arranjar meios de combater aquilo que é o chamado ABUSO e DESRESPEITO.
Amem-se uns aos outros, e pensem como alguém um dia disse: aquele “nerd” de quem tu fazes troça, pode um dia vir a ser o teu patrão.
* texto publicado no Facebook.