A RTP decidiu dedicar o “Prós e Contras” de hoje ao debate sobre a Praxe e escolheu Coimbra para o efeito. Estas duas decisões (o tema e o local do programa) merecem algumas reflexões.
É inegável que o programa surge na sequência da tragédia ocorrida na praia do Meco (concelho de Sesimbra) com alunos da Universidade Lusófona (universidade privada, com sede em Lisboa). Uma tragédia ainda por explicar mas que tem sido associada a praxes académicas.
À primeira vista, face ao contexto, o programa deveria ser realizado em Lisboa ou nas suas imediações. A própria apresentadora, Fátima Campos Ferreira, é professora na Universidade Lusófona, segundo as informações disponíveis (ver aqui e aqui).
A escolha de Coimbra pode ter resultado, no entanto, do reconhecimento que a Praxe Académica nasceu aqui. Mas o equívoco permanece: o que aconteceu na praia do Meco, a ser o resultado de uma qualquer praxe, nada tem a ver com a tradição estudantil coimbrã.
Não se compreende, por isso, a escolha de Coimbra.
As tradições académicas de Coimbra valem, por si só, o interesse da estação pública de rádio e televisão. Sobretudo em duas alturas: a Recepção ao Caloiro e a Queima das Fitas. Ora nem uma nem a outra acontecem em Fevereiro.
Acho que será uma tentativa de igualar todas as praxes. Como praxe exemplar, há que tentar denegrir.
Se é para estas artimanhas que se cola o serviço publico, está de facto na hora de acabar com a RTP, nestes moldes.
As escolas de jornalismo classificam estes e outros programas semelhantes, de mau jornalismo. Não?