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Asma aumenta em crianças de Coimbra [António Piedade]

 ANTÓNIO PIEDADE *

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A investigadora Magdalena Muc

Num estudo que será publicado num próximo número da Revista Portuguesa de Pneumologia, com o título “Prevalência dos sintomas de asma e rinite nas crianças a viver em Coimbra, Portugal”, três investigadoras da Universidade de Coimbra apresentam o resultado de um inquérito sobre a prevalência da asma e rinite em crianças no distrito de Coimbra.

Apesar de existir muito pouca informação na última década sobre a prevalência de asma e rinite na infância em Portugal (o que não pode deixar de espantar), este estudo é o primeiro a explorar este assunto dentro da faixa etária 6-8 anos.

Sobre os resultados, Magdalena Muc, primeira autora do artigo e investigadora do Departamento das Ciências da Vida da UC diz que os dados agora obtidos só se podem «comparar com as prevalências nacionais e de outras cidades portuguesas (Porto, Lisboa, Portimão e Funchal)» registados num estudo de 2002. «Relativamente a estas cidades (exceto o Funchal), observamos um aumento do nível da asma e pieira nas crianças residentes em Coimbra», refere a investigadora.

O estudo, que recolheu informação sobre uma amostra de 1037 crianças, dos 1.º e 2.º anos de escolaridade, de 32 escolas (28 públicas e quatro privadas) do distrito de Coimbra, observou pelo menos um episódio de asma ao longo da vida em 10,.4% da população estudada. Por outro lado, 35,2% das crianças tiveram pieira e 11,8% sofreram um ataque de asma durante o ano de 2012. Também foi registada uma prevalência de casos de rinite ao longo da vida em 22,8% das crianças estudadas.

O aumento de casos relatados de asma e rinite em crianças em Coimbra é preocupante. «A asma é uma das doenças crónicas mais comum em pediatria. Os problemas de asma e rinite na infância estão relacionados não só com sintomas físicos caracterizados por um elevado nível de morbidade e desconforto, mas também com baixa autoestima e absentismo escolar. Por esta razão existe a necessidade de monitorizar as prevalências e incidências destas doenças na população infantil», afirma Magdalena Muc.

«O aumento global das doenças alérgicas e asma é atribuído a alterações do estilo de vida», explica a investigadora e acrescenta que «os últimos resultados (ainda não publicados) que obtivemos, mostraram maior prevalência de pieira entre as crianças das famílias com nível socioeconómico mais elevado e as crianças que vivem nas zonas urbanas».

Quanto à razão do aumento verificado, Magdalena Muc refere que «pode ser em parte explicado pelas alterações comportamentais e ambientais: vida sedentária, aumento de obesidade (que foi provado ter forte influência na asma), substituição da dieta tradicional (mediterrânea) por uma dieta rica em alimentos processados e com baixo teor nutricional e a poluição do ar».

A investigadora sublinha ainda que «a prevalência de sintomas de asma e rinite em Coimbra é preocupante e os fatores ambientais e de estilo de vida têm um papel importante. Isto significa que muitos dos casos relatados neste estudo poderiam ter sido evitados. Como estas doenças estão associadas a elevados custos económicos para os sistemas de saúde pública, o reconhecimento profundo dos fatores de risco e introdução consecutiva das intervenções no estilo de vida e programas de prevenção são de grande importância. Temos a intenção de divulgar os nossos resultados nas escolas e junto das famílias participantes no estudo, tendo em conta que o acesso à informação e compreensão do problema são as principais armas para combater as epidemias da asma e rinite».

O próximo passo deste estudo será «estudar os fatores de risco envolvidos no desenvolvimento e na severidade dessas duas condições, particularmente fatores socioeconómicos e ambientais, com objetivo de obter uma melhor compreensão dos padrões destas doenças na população infantil de Coimbra. Este é um passo necessário para elaborar programas e projetos mais eficazes de prevenção e intervenção», conclui Magdalena Muc.

São também co-autoras do estudo Cristina Padez, do Departamento de Ciências da Vida, CIAS – Centro de Investigação em Antropologia e Saúde, e Anabela Mota-Pinto, do Laboratório de Patologia Geral da Faculdade de Medicina, ambos da Universidade de Coimbra. O estudo teve o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia através de uma bolsa de doutoramento (SFRH/BD/66877/2009).

* Consultor científico no projecto Ciência na Imprensa Regional / Investigador na Universidade de Coimbra

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