SALVADOR MASSANO CARDOSO *
Gosto de cumprir com certas formalidades. Tive necessidade de entrar em contacto com duas empresas de telecomunicações portuguesas, explicando-lhes a necessidade de cancelar dois contratos, um de televisão e outro de telefone. Disse quais as razões, o titular das mesmas é um familiar que não necessita, nem nunca mais vai necessitar, daqueles serviços. Explicaram-me o que deveria fazer, e fiz. Enviei os elementos necessários ao cancelamento. Quanto à outra, foi um desatino o diálogo com o interlocutor. Um desatino que me pôs meio louco. Expliquei vezes sem conta as razões e recebi em troca pedidos impossíveis quase a raiar a obscenidade. Fiquei de boca aberta. Expliquei-lhe novamente as razões, mais do que pertinentes, quase que me apetece dizer, fatais, mas, do outro lado, o discurso parvo e sem sentido continuava em estado de puro anedotário. Fiquei com a sensação de que estão instruídos para evitar a todo o custo o não cancelamento dos contratos, mesmo quando as razões apontadas atingem o limite máximo do impedimento. Cretinos. Pensei. Fiquei com uma urticária a ponto de não conseguir ouvir o nome da empresa. Escrevi, juntei a documentação, e enviei uma carta de protesto à direção da dita. Pensei, não passam de uns filhos da puta!
Quanto à segunda fiz tudo direitinho de acordo com a informação de um colaborador. Enviei o pedido com os elementos de identificação e até fui mais longe ao descrever a razão da cessação. Hoje, telefonaram-me. Queria falar com o titular. Não sei se devia rir ou chorar. Expliquei-lhe que o mesmo não podia, nem nunca mais vai poder. Entrou de seguida a perguntar o motivo do pedido de cessação, se era por causa de alguma insatisfação ou outro motivo relacionado com a empresa. Fiquei estupefacto e tentei controlar-me, dizendo-lhe novamente o que tinha dito logo de início. Um diálogo doloroso a raiar a obscenidade e a faltar ao respeito de um cidadão. As coisas não ficaram por aqui. Queria que o titular assinasse. Fiquei com um aperto e uma vontade de o mandar ao sítio mais adequado. Tentei controlar-me perante tão lamentável comportamento. Expliquei que tinha feito tudo certinho de acordo com as informações da sua empresa. Nada feito. O tolinho, estúpido ou a fazer-se de estúpido, cumprindo naturalmente ordens para dificultar ou, quiçá, impedir a cessação do contrato continuava na sua estranha, complexa e ridícula exigência. Respirei fundo e com os dedos a tremer registei os dados solicitados. Afinal o que tinha enviado não era suficiente. Para cancelar um contrato é preciso certas formalidades que são a antítese das facilidades inerentes à sua realização. Ainda cheguei a perguntar se não quereria esperar mais uns dias para poder enviar a certidão de óbito, entretanto ainda podiam mamar mais alguns euros.
Pensei. É um horror dialogar com certas empresas. Um tormento. Uma ofensa. Um sentimento de humilhação invade-me com frequência. Fiquei com um amargo na mente onde espetei um placa com os seguintes dizeres, “filhos da puta”. Nunca mais vou conseguir tolerar ou ouvir os seus nomes. Foi duro. Foram cruéis, indelicados, despropositados e, até, mesmo ofensivos.
* Médico e professor universitário
Senhor Doutor, entendo perfeitamente a sua indignação e FDP é a designação correcta para o relacionamento que certas empresas mantêm com o seus clientes sobretudo na hora de desvincular. Ainda me lembro da novela que foi a minha mudança da PT/sapo para a Optimus/Clix; mas novela mais hilariante foi quando mudei o meu contrato da Optimus/Clix para a Optimus/Zon.
No primeiro caso depois de 6 meses a enviar facturas quando eu achava que o saldo era zero chegaram à brilhante conclusão que afinal eu tinha um credito de 6€!!! E mandaram o cheque. 🙂
No segundo caso foi o que se pode dizer, o típico de como a incompetência comercial pode apagar e fazer esquecer a demonstrada competência técnica. Para se ter uma ideia apareceram-me em casa vendedores da ZON a dizer que eu tinha sido enganado pela ZON!!! E tinha!! E o pior é que foi difícil e necessário mostrar mau feitio para que o engano se desfizesse.
Esta gente parece que estudou pelo livro “1001 maneiras de perder um cliente”. Deve ser porque têm muitos. Demais!
Um reparo Senhor Doutor, se o seu artigo chamasse os bois pelos nomes seria serviço publico, assim não passa de um desabafo, legitimo, mas injusto para as outras empresas de telecomunicações, pois ainda tenho esperança que haja, no sector, quem se saiba comportar e tratar os clientes com seriedade.