Ryanair vs TAP: necessitará a TAP de uma saída à irlandesa?

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FRANCISCO CALEIRA *

Comparar a Ryanair com a TAP Air Portugal é como, diga-se, advinhar o resultado de uma partida entre o Barcelona e uma equipa dos campeonatos distritais portugueses. Ou seja, uma goleada incontornável. As diferenças operacionais amenizam quando se coloca a TAP ao lado da Aer Lingus sem, mesmo assim, evitar uma humilhação de 27 milhões de euros. Pelo meio destas observações consigo, no entanto, encontrar um denominador comum enquanto cliente e, em ambas – TAP e Ryanair-, por maus services prestados.

Dificilmente a TAP Air Portugal pode ser comparada à Ryanair. A companhia de Michael O’Leary apresenta 569 milhões de euros de lucro operacional contra 34 milhões de euros da transportadora nacional, em 2013. Seria, talvez ,mais justo, comparar a TAP com a estatal irlandesa Aer Lingus. Contudo, ainda nesse campo a TAP fica atrás. Contudo, em 2013, a TAP ficou 27 milhões de euros por baixo da Aer Lingus que, curiosamente, é detida em 25% pela Ryanair.

Complicado, não? Não! A Ryanair opera diversas rotas a nível continental na Europa, não se limitando a ter a sua frota estacionada na Irlanda, tendo, mesmo, em Espanha, ultrapassado a Iberia em número de passageiros transportados para fora, e, para dentro, do país vizinho. Os resultados da maior low-cost da Europa são reflexo da gestão frugal da companhia do senhor O’Leary.

Tornar-se ia mais fácil comparar a TAP com a Aer Lingus. Ambas são companhias debaixo da alçada dos respectivos governos nacionais. Mas, a TAP aqui, entra, também, a perder. Como referi anteriormente, a Aer Lingus é detida em 25% pela Ryanair e e esteve perto de ser absorvida pela Ryanair, não fosse a recusa do estado irlandês em vender os restantes 75% da companhia a Michael O’Leary, evitando o monopólio do transporte aéreo irlandês e o nascimento da maior transportadora aérea da Europa à frente do grupo KLM/Air France – curiosamente outro grupo com participação irlandesa.

Goleada pela Ryanair, a TAP poderia encontrar um termo de comparação com a Aer Lingus. Ambas transportam o mesmo número de passageiros por ano – mais coisa, menos coisa. O que dá que pensar é que com o mesmo número de passageiros e, com tarifas, em média abaixo da TAP, como é que é possível ter um resultado peracional 27 milhões de euros acima dos resultados operacionais da companhia administrada por Fernando Pinto – o tal que se orgulha de apertar os cordões à bolsa na gestão da companhia. Necessitará a TAP de uma saída à irlandesa?

Tiradas as conclusões entre as diferenças entre as companhias irlandesas e a TAP. Vamos aos pontos comuns que encontrei enquanto passageiro. Em relação à Aer Lingus, nada tenho a apontar. Trata-se de uma companhia de bom trato para com os clientes, atenciosa e cordial. A TAP, excepção feita a quatro viagens à Madeira, tudo quanto foi destino internacional afundou-se em barraca total. Atrasos em Milão, Paris e Bruxelas, com justificações parcas ou inexistentes, ao mesmo estilo que a Ryanair teve em Londres num dia de neve, forçando-me a mim e aos outros passageiros a permanecer das 20 horas até às 4 da manhã do dia seguinte no aeroporto sem qualquer tipo de informação ou esclarecimento.

De qualquer das formas, se alguma vez optar por utilizar a Ryanair, prepare-se para voar em qualquer coisa como a feira semanal de sábado que existia no Bairro Norton de Matos quando eu era miúdo. Apenas faltam as barracas de negociantes a apregoarem as duas t-shirts a 1.000 escudos, com o negociante do lado, de repente, a oferecer três pelos mesmos 1.000 escudos.

Francisco-Caleira-autor

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