Preços mensais em Coimbra e Lisboa para um consumo de 10 metros cúbicos
MÁRIO MARTINS
Utilizar a água da rede pública em Coimbra é muito mais caro do que fazê-lo em Lisboa. Uma diferença chocante.
Vejamos dois exemplos concretos.
A família Lopes vive em Coimbra. Gasta por mês 10 metros cúbicos de água, valor normal para um agregado de três ou quatro pessoas. No final do mês recebe a factura e vê-se obrigada a pagar 21,57 euros.
A família Sousa vive em Lisboa. Gasta os mesmos 10 metros cúbicos de água, mas a factura é apenas de 13,97 euros.
Ou seja, a família de Coimbra gasta mais 54% do que o agregado lisboeta, apesar do poder de compra na capital ser quase o dobro daquele que existe na cidade coimbrã (217 contra 132).
A diferença torna-se mais evidente, e mais chocante, se analisarmos a conta anual da água. Ao fim de 12 meses, a família de Coimbra pagou 259 euros, enquanto a família de Lisboa pagou 168 euros.
Outra forma de comprovar a gritante desigualdade de tratamento entre os consumidores de Coimbra e os de Lisboa, todos cidadãos portugueses com os mesmos direitos e deveres, é analisar as facturas da água em função do Índice Per Capita do Poder de Compra (IpC), determinado pelo Instituto Nacional de Estatística: em Lisboa é 217, enquanto em Coimbra é 132.
Assim, se a família de Coimbra paga 21,57 euros por mês, a família de Lisboa deveria pagar 35,52 euros.
Ou, em alternativa, se a família de Lisboa paga 13,97 por mês, a família de Coimbra deveria pagar 8,48 euros mensais, quase três vezes menos do que aquilo que paga!
Olhando este exemplo concreto, confirma-se que – quando existem desiguldades – quem suporta os maiores custos são os mesmos de sempre. Os que vivem na denominada Província. Porque, 40 anos depois de Abril, enquanto os dirigentes políticos se entretêm em guerras de alecrim e manjerona, Portugal continua a ser Lisboa “e o resto é paisagem”. Infelizmente.
E eu que o diga porque paguei no mês de Agosto de 2013, 500,17 euros de AGUA do meu andar, estando ausente na primeira semana desse mês!!