Mário Martins
Manuel Machado afirma hoje no Diário de Coimbra que as obras da Avenida Central vão prosseguir.
“Não podemos esperar mais tempo”, diz o autarca, com destaque, na capa do jornal.
O presidente da Câmara está enganado.
Podemos esperar o tempo que for preciso, porque a Avenida Central não faz falta nenhuma à cidade, antes vai continuar a destruir uma parte importante da Baixa, descaracterizando-a, fazendo-a perder características seculares.
Andava eu na Escola Primária de S. Bartolomeu, há 50 anos (!!!), quando bolas gigantes a balançar na ponta de gruas deitaram abaixo parte das ruas da Louça e da Moeda.
Durante meses, não se puderam abrir as janelas da escola por causa do pó.
Ainda hoje recordo o barulho das casas a cair e o esforço do Prof. Bentes para se fazer ouvir na sala de aulas.
Nestes últimos 50 anos nunca dei pela falta da dita Avenida Central.
E só me lembro dela, por vezes, devido aos “mamarrachos” que foram construídos no espaço do Bota-Abaixo, onde joguei a bola e estacionei tantas vezes o meu velhinho Dyane.
Ahh… e lembro-me dela também por causa do célebre parque de estacionamento, que eram dois e ficou um e que, se a memória não me falha, até meteu tribunais e tudo.
(Parque onde tento nunca estacionar por motivos de “higiene pessoal”.)
Manuel Machado, se fosse de Coimbra, também nunca teria dado pela falta da Avenida Central.
Mas Manuel Machado não é de Coimbra. E esse é um dos dramas do concelho, agora infelizmente em “2.ª edição”.