ANTÓNIO B. MARTINS *
O caso Maddie, de “suja” memória, prossegue em ritmo novelesco e vergonhoso…
Tudo aconteceu no dia 3 de Maio de 2007, na conhecida Praia da Luz, entre Lagos e Vila do Bispo, quando a menina se encontrava de férias com os pais, Kate e Gerry McCanan e, ainda, com os seus irmãos, Sean e Amelie.
A onda de indignação que, na altura, “contaminou” a opinião pública portuguesa e alastrou aos cantos do Mundo, tomou conta de tudo e de todos, tendo concitado nessa pequena aldeia do Algarve as atenções de uma comunicação social ávida de “estórias” que encham noticiários e programas “cinzentos” e popularescos… ao jeito de se encherem “chouriços”.
A Polícia Judiciária montou o seu esquema de trabalho e nunca concluiu por um episódio que pudesse desaguar no(os) responsável(éis), por tão enigmático quão arrepiante desaparecimento.
Afastou-se, pelo menos, um inspector; movimentaram-se mundos e fundos; as autoridades portuguesas sofreram pressões; destacou-se a GNR; conjecturou-se sobre vários cenários; armaram-se vários “filmes”; indicaram-se prováveis culpados; encheram-se páginas de jornais, de cá e de outros lugares; gastaram-se horas em espaços radiofónicos e televisivos; montaram-se, especialmente os pais, campanhas, cá dentro e lá fora, com a visualização de uma foto da menina, na tentativa de a encontrar; criou-se um circo mediático; meteu-se o Papa na “estória”; e uns ou outros escarneceram no trabalho da nossa PJ.
Raras vezes se ouviram vozes – daquelas que, e nestes casos devem surgir, mesmo que por banda de quem deve ter mais tino – de protesto, de indignação, de repreensão, de estupefacção e de criminalização, por môr e via de um facto, aliás, o mais concreto e sustentável que este caso apresenta.
Os pais da Maddie, num desrespeito, numa desconsideração e numa postura nada digna do seu sentido de progenitores, deixaram, num quarto do complexo turístico onde estavam a passar férias, três crianças – menores – para se ausentarem, com uns amigos, também eles ingleses, para um restaurante a cerca de uns 5 minutos, a pé. E, mais grave, segundo testemunhas do próprio restaurante, ouvidas na oportunidade, beberam uns copos bem aviados, até porque, em Portugal, o vinho é bom, sabe melhor e o preço é, para ingleses, um convite a excessos…
Esta miserável quanto irresponsável postura, de pais e de um homem e de uma mulher, ambos ingleses, nunca mereceram a condenação social e dos tribunais. Uma negligência grosseira de quem deveria ser pai e mãe… Razões?
E ninguém… com poucas excepções, apontou a dedo estes pais que trocaram os filhos por uma jantarada bem “regada”… e que, agora, se fazem de vítimas, criticam a nossa Judiciária e movem influências, políticas e partidárias, para que, em solo luso, a polícia inglesa venha vasculhar terrenos, assaltar um pedaço do nosso Algarve, ditar leis, fazer de nós – portugueses – “gato-sapato” – e enxovalhar-nos, como Povo e como Nação.
Uma polícia de investigação criminal, a nossa Polícia Judiciária, que já tem 121 anos, uma folha de serviços invejável e das mais destacadas do Mundo, um “porte” sem manchas que a possam mediocrizar, um historial de sucessos e com poucas derrotas, um emblema de credibilidade, um trabalho sério e profícuo na maioria dos casos, uma acção em prol de Portugal e dos seus Cidadãos, um serviço de cuidadosas investigações e um labor certificado e reconhecido, dos seus elementos, não merece o tratamento de polé de que tem sido alvo quanto a este “mixordeiro” e inqualificável caso.
Ora, uma Polícia com este “crachá”, não pode nem deve ser enxovalhada como, agora, e recentemente, o foi. Deve é merecer o aplauso dos portugueses e de quem deve ou devia saber mandar, porque já chega de tanta intromissão estrangeira.
Quando certos “parafusos” politiqueiros, quer sejam do Reino Unido quer sejam de Portugal, metem as mãos e os pés em áreas que deveriam estar estanques e imunizadas contra esse tipo de “rubéola”, maligna para autoridades e departamentos do nosso Estado, tudo vai e cheira mal, porque devem existir órgãos – poderemos encaixar a PJ – que têm de estar fora de jogadas palacianas, as quais, e só por um acto impensado ou malabarista, acabam por ferir ou matar organizações e/ou departamentos que já votaram a causas muito nebulosas ou estranhas, muita da sua nobreza de trabalho e dedicação, e elevado saber e experiência.
Daqui faço um apelo: “English Police: go home!”.
Maddie McCann: o seu desaparecimento continua a ser um mistério