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A crónica do Portugal-Gana por quem acredita em milagres

Beto-chora
O guarda-redes Beto chora no momento da substituição por lesão

FERNANDO CALADO RODRIGUES *

Por que motivo é que o milagre não aconteceu? No Evangelho, Jesus exigia que o miraculado fizesse a sua parte…

 

O golo de Varela, ao cair do pano do jogo com os Estados Unidos, não deixou que Portugal fosse imediatamente eliminado do Mundial. Alimentou uma réstia de esperança na passagem aos oitavos de final. Matematicamente era possível, mas poucos acreditavam que viesse a acontecer. As contas eram demasiado complicadas. Só mesmo a conjugação de muitos fatores permitiriam a tão desejada passagem. Só mesmo um milagre, que mesmo os mais crentes consideravam quase impossível, é que nos poderia redimir da humilhação que a Alemanha e os Estados Unidos nos impuseram. Restava-nos jogar com muitas ganas de ganhar, se possível por muitos, para ao menos sair de cabeça erguida e rezar aos deuses do futebol que não se verificasse um empate no outro jogo.

Nas primeiras imagens da transmissão do jogo vi dois jogadores do Gana em atitude de oração. Um de pé de braços abertos e o guarda-redes de joelhos entre os postes.

Nos primeiros minutos pareciam que os deuses estavam por eles. Uma bola vai à trave e o guarda-redes defende duas oportunidades soberanas de Ronaldo. Finalmente o golo para continuar a acalentar uma íntima esperança no milagre, ainda por cima autogolo…

O milagre, nos Evangelhos, acontece quando a pessoa reconhece a impossibilidade de resolver a situação em que se encontra e pede a intervenção de Jesus. Após o golo da Alemanha aumentam as esperanças. O resultado do outro jogo conta a nosso favor. Mas a nossa equipa não faz a sua parte e ainda por cima o Gana marca. No Evangelho, Jesus exigia que o miraculado fizesse a sua parte. Ou manifestando a sua confiança no Senhor ou, como no caso da multiplicação dos pães e dos peixes, ou disponibilizando os parcos recursos que têm. Nem que sejam apenas cinco pães e dois peixes.

A nossa seleção até tinha o melhor do mundo, e alguns dos melhores, mas como equipa valeram muito menos do que cinco pães ressequidos ou dois peixes podres… Por isso o milagre não aconteceu. Pelo menos não ficámos em último lugar. É hora de trabalhar para a próxima competição porque, como alguém diria, os milagres custam muito trabalho…

 

(Texto publicado no “Expresso online” de hoje, 27 de Junho de 2013.)

* padre da diocese de Bragança-Miranda. Colaborador permanente do COIMBRA JORNAL. Autor do blogue “Igreja e mundo”.

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