ANTÓNIO B. MARTINS *
A nossa Selecção de Futebol sai do Brasil, do Campeonato do Mundo deste ano, com uma imagem miserável e polémica. Sem brilho, sem tino, sem fôlego e sem pernas, a que acresceu uma ou outra incapacidade técnica por banda do treinador, o onze português… traduz, também, a mediocridade que, a todos os níveis e em todos os sectores, tomou conta do nosso espaço nacional.
A Federação Portuguesa de Futebol é, vai para muitos anos, um grupo de amigos, onde figuras como Carlos Godinho (e outros) se eternizam em lugares-chave para mal dos “pecados” do organismo do futebol nacional.
Trata-se de um grupo de amigos, uns da direita e até outros da esquerda, que vão velando pelo “corpo” estafado e corroído da FPF, numa sintonia de opiniões e de posições que, todos os anos, com a consciência baralhada e atrofiada não conseguem levar a bom rumo um conjunto de jogadores que não precisa dos tostões que lhes passam para a mão, qual gorjeta de um grupo de clientes, porque militam, na sua esmagadora maioria, em campeonatos milionários.
Desde a primeira hora que só se falava de Cristiano. E cadê os outros?… Alimentou-se uma “loucura” em torno do CR7, parecendo que a equipa era, só e apenas, o “menino” Cristiano. E se lhe desse um “traquelimane” (uma impossibilidade qualquer)? Ficávamos sem selecção? Como é que próprio deixa que isso aconteça? Como é que a maior parte dos colegas do grupo geriram as conferências de imprensa, sempre a falar do melhor do mundo?
Como se uma selecção dependesse de um elemento que é o melhor do mundo. Mas uma selecção, de qualquer modalidade desportiva, não é um conjunto?
E quanto pagou a nossa Federação do desporto-rei por trazer, a reboque do CR7, os massagistas do Real Madrid? A selecção não os tem? E não tem médico?
Que confusão… que desnorte… que miséria… que poucas vontades… que manifesta falta de garra… que desassossego desportivo… que medonha inexistência de valentia pátria… que perdulários… estas estrelas menores do nosso futebol. Enfim… tudo atrás da bola dos milhões, porque a dos farrapos, do tempo de Eusébios, Matateus, Torres, Simões, Zé Augustos, Costas Pereiras, Hilários e outros… já não faz “dançar” estas vedetas que amontoam cifrões e não deviam merecer o nosso respeito.
Ainda sou do tempo em que, no Mundial de 66, com a equipa dos “Magriços”, o Eusébio – um jogador humilde e um senhor simples – vergou uma Coreia que, depois de nos impor o 3-0, foi derrotada por 5-3, com quatro golos desse magnífico Rei da bola… Tempos memoráveis, com um outro senhor do futebol – o brasileiro Otto Glória.
Mas havia outros incentivos, os da nobreza dos homens, os da cidadania das pessoas (jogadores) e os do portuguesismo que, e todos juntos, se cumulavam no patriotismo…
A esta desgraçada selecção, rota de intenções, medíocre em atitude, pobre em ideal, parca em humildade na defesa do bom nome de Portugal, não lhe restava outro caminho se não o que, agora, amargamente sentimos: voltar para casa, de rabo entalado, com a bola debaixo do braço, de maleta aviada e de equipamento amarrotado e sem cheiro a suor… É uma vergonha para todo o onze que se perfilou para os três jogos que foram cumpridos.
Mas não podem escapar a críticas o treinador Paulo Bento, o director desportivo Carlos Godinho e uma outra figura que, nos bastidores, é dono e senhor deste “mundo” de um futebol que vem apodrecendo ao sabor das notas, dos interesses dos empresários dos jogadores e de muita “coisa” que não transpira para fora dos balneários que a nossa selecção pisa. Já dizia Gilberto Madail, a 15 de Abril de 2000: “Enquanto estiver na FPF, Carlos Godinho será intocável”. Que poder terá este pêcêpista ?
Mas a FIFA, essa majestática empresa toda-poderosa é, também, hoje, uma organização muito criticada, mas que sabe o que quer e para onde caminha para que os estádios dos “Mundiais” não percam tifosos de um futebol inquinado e já sem amor a camisolas e a desafios. A mim, já nem o futebol me leva… nem me alegra, porque se desvirtuou e está possesso de “infernos” e de “diabos” que andam por ai à solta para envenenar o desporto-rei.
Até 2016, em França, onde teremos de levar malta nova para haver quem tenha de conquistar posição e nome e, assim, lutar para ocupar lugar cimeiro que seja orgulho de Portugal e dos portugueses.