MÁRIO MARTINS *
Os dois jornais diários que se publicam em Coimbra fazem repetidas juras de amor eterno à Académica/oaf. Um amor falso.
No sábado (23 de Agosto), a Académica foi ao Funchal jogar com o Marítimo e os dois diários que se publicam em Coimbra ficaram em casa.
O mais antigo recorreu alegadamente aos serviços de um colaborador local, benévolo, Arnaldo Cafofo. Mas o texto sobre o jogo, na edição de domingo, é de uma enorme pobreza.
O diário mais novo publicou hoje (segunda-feira) o despacho de sábado da Agência Lusa, que mesmo assim ainda consegue ser mais pormenorizado, em alguns aspectos, do que o do colaborador do outro jornal.
Apenas uma questão…
A Académica perde o jogo na Madeira com dois golos sofridos no espaço de um minuto. O que é invulgar e, por isso, merece referência detalhada. Algum dos jornais explica como isso aconteceu? Nenhum.
Os adeptos da Académica, que não tiveram possibilidade de ver o jogo porque ele não foi televisionado, ficam na mesma depois de ler qualquer um dos jornais.
Como foi possível sofrer dois golos num minuto? Culpas da defesa? Do guarda-redes? Um momentâneo desnorte colectivo?
Ninguém sabe!
Esta atitude dos dois jornais diários que se publicam em Coimbra é tanto mais grave quanto a direcção da Académica/oaf lhes cede gratuitamente largos espaços publicitários no estádio, mais bilhetes para os jogos para oferecer (na compra de jornais) aos respectivos leitores, mais – creio – camarotes gratuitos no estádio.
Em troca, qual a atitude dos dois jornais? Não enviar nenhum jornalista ao Funchal, mesmo que a viagem de avião de ida-e-volta fique em menos de 120 euros.
Aliás, há precisamente dois anos nem a presença histórica da Académica na Liga Europa fez com que qualquer dos jornais enviasse um jornalista a Israel, quando a viagem custava cerca de 600 euros.
Ou seja: o amor de ambos os jornais pela Académica não vale sequer escassas centenas de euros.
Por outras palavras: não há amor nenhum.
Concluindo: razão tem o “Diário de Coimbra” ao escrever em título que “Académica merecia mais na Pérola do Atlântico”.
Merecia, na verdade, muito mais respeito dos jornais diários da cidade.
[Já agora: há dois anos, na estreia da Académica na Liga Europa, cada jornal enviou um jornalista à República Checa, para fazer a reportagem do jogo com o Viktoria Plzen. Mas nem isso terá sido uma prova de interesse pelo clube porque, ao que parece, a Académica ofereceu na ocasião quatro viagens, duas a cada jornal…]