17.7 C
Coimbra
Quinta-feira, 12 Setembro, 2024
InícioDESTAQUEPor um referendo sobre a TAP

Por um referendo sobre a TAP

TAPCJ

 

ANTÓNIO B. MARTINS *

 

 TAP:  de braços caídos… a pensar nos interesses / Desafio a um referendo

 

Os transportes aéreos portugueses – AIR PORTUGAL/TAP – com mais de 60 anos de vida útil ao serviço do País, estão na mira de “jogadores” financeiros e sob os seus olhares de rapina.

Criados em tempos de fracos recursos económicos, com a determinação de homens que, apesar do mais e de tudo, sabiam gerir, a TAP tem sido uma marca de excelência do “mundo dos ares” e uma imagem de referência mundial da aviação comercial dos nossos dias.

Sofreu vicissitudes, impostas por crises do petróleo e financeiras; por políticas isolacionistas; por deliberações mais ou menos levianas; por decisores impreparados para administrar escalas, voos, aviões, rotas e pessoal; por administradores incompetentes que “aterraram” na companhia por simpatias político-partidárias; por sindicalistas vesgos e determinados em fazer cumprir as directrizes de politiquices bafientas; por rupturas laborais nem sempre de interesse nacional; por birras marginais à empresa; por “merchandisings” partidários e por tantas outras maleitas que foram corroendo uma TAP que se tornou um vazadouro de incongruentes gestores.

A TAP “entalou-se” financeiramente, esfumou-se nas vertigens de projectos sem substracto, esboroou-se nas oficinas do Brasil, perdeu “penas” com a globalização, fatigou-se com as teimosas reivindicações operárias, ficou refém de políticos, emparedou-se com um “handling” pesado e estafado, desfalece nos corredores lisboetas de advogados de negociatas, começa a desviar-se da rota inicial e traça destinos para mãos de interesses que, como os submarinos e outros “trabalhinhos”, vão deixar luvas a quem pegar no caso da sua venda… a preço de saldo.

A TAP tem, hoje, frequências semanais para o Brasil que são cobiçadas pelos gigantes dos ares. A TAP chega a destinos africanos que os abutres de grupos internacionais de Aviação pretendem. A TAP capitalizou a sua força na segurança mas – segundo fontes – não soube, a tempo, fazer a respectiva renovação de quadros nesse sector e começa a apresentar uma ou outra debilidade. A TAP deixou sangrar-se dos melhores pilotos para companhias de prestígio do nosso tempo. Mas a TAP é, queiramos ou não, um símbolo histórico de Portugal. A TAP é a nossa única bandeira que, todos os dias, circula livremente por quase todo o Mundo, numa acção de marketing sem precedentes. A TAP é uma das nossas mais reconhecidas imagens. A TAP é Portugal e os Portugueses…

Quanto valerá a TAP? Quanto valerá o seu património, incluindo todas as suas rotas, algumas quase em plena exclusividade? Quanto valerá algum do seu melhor capital humano? Quanto valerá por todos os destinos que sulca em muitos dos aeroportos do Globo? Quanto valerá a sua imagem?  E quanto valerá a sua marca? E a sua bandeira?

Tudo… e tudo sem preço, porque é de todos nós, portugueses. Foi difícil erguê-la. Foi complicado afirmá-la. Foi obra de gerações… por nuvens nunca dantes voadas. E não se pode nem deve desbaratar tão importante acervo histórico, patrimonial, profissional, empresarial, humano, técnico, administrativo, estimativo, etc. .

A TAP não é um qualquer veículo da Presidência da República, um qualquer castanheiro, uma qualquer fábrica de velas, um matagal a incendiar, um qualquer objecto ou uma simples folha de papel que se deite a voar… não é “coisa” de miúdos como os que, ultimamente, sem rota ou destino, não nos têm sabido governar.

A TAP é nossa, mesmo nossa… da nossa gente, de todos e de qualquer um. É das crianças, é dos mais velhos, é dos iletrados aos mais intelectualizados, é dos mais citadinos aos mais rurais, é dos mestres aos discentes, é dos homens e das mulheres de Portugal. É, também, dos honrados, dos esquerdistas aos da direita, dos conservadores aos mais progressistas, dos de ontem e dos de hoje… e, ainda, dos de amanhã. É, afinal, da Portugalidade.

O Sr. Seguro veio a terreiro defender uma TAP da Lusofonia. Bem-haja pela sua ideia… mas veja se a coloca em prática, arrebatando os outros principais países da mesma língua: Brasil, Angola e Moçambique.

Tanto e tão pouco por um referendo e, desta feita, os Srs. da política, começando pelo deputados da AR, não apostam nessa forma de auscultação dos interesses pátrios.

Ou será que os tais escritórios de advocacia lisboeta, entregues aos grandes senhores dessa corporação poderosa e intocável, já “cozinharam” o negócio para, e mais tarde, repartirem dividendos que encham bolsos de gente que teima em fazer empobrecer o país e o seu Povo?

A TAP, pela sua carga histórica e por todos quantos a serviram ao longo de mais de 60 anos, a maioria dos quais com abnegação, sacrifícios, labor, classe, alto profissionalismo e muita sabedoria, não pode ser vendida por “trinta dinheiros” em hasta pública de “feira da ladra” internacional.

Basta de venderem o País a retalho, como quem troca ouro por anéis de pechisbeque.

Apenas a ideia de António José Seguro será bem aceite, figurando como uma possibilidade de salvarmos a nossa TAP; ou a outra que foi colocada, recentemente, a circular que dava conta de que o Paes do Amaral, em associação com um ex-sócio da Continental Airlines, estaria interessado em adquirir a TAP. Do mal o menos…

Permitam-me – dirijo-me a todos quantos me possam ler e com a anuência do Sr. Director Mário Martins – que se possa lançar neste espaço de debate de ideias um inquérito nacional, ao qual se associará um manifesto, para se saber se o nosso Povo está interessado num referendo sobre o destino a dar à TAP.

Vamos a isso?  Fica nas nossas mãos e na nossa consciência, a dos portugueses.

 

RELATED ARTICLES

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

- Advertisment -

Most Popular

Recent Comments

Célia Franco sobre Redacção da TSF ocupada
Maria da Conceição de Oliveira sobre Liceu D. Maria: reencontro 40 anos depois
maria fernanda martins correia sobre Água em Coimbra 54% mais cara do que em Lisboa
João Vaz sobre Conversas [Vasco Francisco]
Eduardo Varandas sobre Conversas [Vasco Francisco]
Emília Trindade sobre Um nascimento atribulado
Emília Trindade sobre Sonhos… [Mário Nicolau]
Emília Trindade sobre Sonhos… [Mário Nicolau]
Américo Coutinho sobre “FDP” [Salvador Massano Cardoso]
José da Conceição Taborda sobre João Silva
António B. Martins sobre Qual é a maior nódoa negra de Coimbra?
Cristina Figueiredo sobre Encontro Bata Azul 40 anos
Maria Emília Seabra sobre Registos – I [Eduardo Aroso]
São Romeiro sobre Encontro Bata Azul 40 anos
maria santos sobre A carta de Ricardo Castanheira
Maria do Rosário Portugal sobre Ricardo Castanheira é suspenso e abandona PS
M Conceição Rosa sobre Quando a filha escreve no jornal…
José Maria Carvalho Ferreira sobre COIMBRA JORNAL tem novos colaboradores
Ana Maria Ferreira sobre Qual é a maior nódoa negra de Coimbra?
Maria Isabel Teixeira Gomes sobre COIMBRA JORNAL tem novos colaboradores
Maria de Fátima Martins sobre Prof. Jorge Santos terminou a viagem
margarida Pedroso de lima sobre Prof. Jorge Santos terminou a viagem
Maria Emília Gaspar sobre Qual é a maior nódoa negra de Coimbra?
Manuel Henrique Saraiva sobre Como eu vi o “Prós e Contras” da RTP
Luísa Cabral Lemos sobre Como eu vi o “Prós e Contras” da RTP
Eduardo Saraiva sobre Prós e Contras: porquê em Coimbra?
Armando Manuel Silvério Colaço sobre Qual é a maior nódoa negra de Coimbra?
Henrique Chicória sobre Qual é a maior nódoa negra de Coimbra?
Maria de Fátima Pedroso Barata Feio Sariva sobre Encarnação inaugurou Coreto com mais de 100 anos
Isabel Hernandez sobre Lembram-se do… Viegas?
Maria Teresa Freire Oliveira sobre Crónica falhada: um ano no Fundo de Desemprego
Manuel Marques Inácio sobre MARINHO PINTO candidato ao Parlamento Europeu
Maria Teresa Freire Oliveira sobre REPORTAGEM / Bolas de Berlim porta-a-porta
Eduardo Manuel Dias Martins Aroso sobre Crónica falhada: um ano no Fundo de Desemprego
Maria Madalena >Ferreira de Castro sobre Crónica falhada: um ano no Fundo de Desemprego
Eduardo Manuel Dias Martins Aroso sobre INSÓLITO / Tacho na sessão da Câmara de Miranda
Ermenilde F.C.Cipriano sobre REPORTAGEM / Bolas de Berlim porta-a-porta
Eduardo Manuel Dias Martins Aroso sobre De onde sou, sempre serei
Carlos Santos sobre Revolta de um professor
Eduardo Varandas sobre De onde sou, sempre serei
Norberto Pires sobre Indignidade [Norberto Pires]
Luis Miguel sobre Revolta de um professor
Fernando José Pinto Seixas sobre Indignidade [Norberto Pires]
Olga Rodrigues sobre De onde sou, sempre serei
Eduardo Saraiva sobre Pergunta inquietante
Isabel Hernandez sobre Hoje é dia de S. Cristiano Ronaldo
Leopoldo Serra sobre Ronaldo: alma portuguesa a chorar
mritasoares@hotmail.com sobre Hoje há poesia (15h00) na Casa da Cultura
Eduardo Varandas sobre Caricatura 3 (por Victor Costa)
Maria do Carmo Neves sobre FERREIRA FERNANDES sobre Sócrates
Maria Madalena Ferreira de Castro sobre Revalidar a carta de condução
Eduardo Saraiva sobre Aproveitar o lado bom do capitalismo
Eduardo Saraiva sobre Eusébio faleceu de madrugada
Luís Pinheiro sobre No Café Montanha
Maria Madalena Ferreira de Castro sobre Eusébio faleceu de madrugada
José Maria Carvalho Ferreira sobre José Basílio Simões no “Expresso”
Maria Madalena Ferreira de Castro sobre Carta de Lisboa
Manuel Fernandes sobre No Café Montanha
Eduardo Saraiva sobre Mau tempo em Coimbra (imagens TVI)
candido pereira sobre VERGONHA: Mondego ultrapassa margens
Ana Caldeira sobre Desabamento na Estrada de Eiras
Rosário Portugal sobre Desabamento na Estrada de Eiras
manuel xarepe sobre No Café Montanha
Jorge Antunes sobre Mataram-me a freguesia
António Conchilha Santos sobre Nota de abertura
Herminio Ferreira Rico sobre Ideias e idiotas!
José Reis sobre Nota de abertura
Eduardo Varandas sobre Caricatura
Eduardo Varandas sobre Miradouro da Lua
Célia Franco sobre Nota de abertura
Apolino Pereira sobre Nota de abertura
Armando Gonçalves sobre Nota de abertura
José Maria Carvalho Ferreira sobre Nota de abertura
Jorge Antunes sobre Nota de abertura
João Gaspar sobre Nota de abertura
Ana Caldeira sobre Nota de abertura
Diamantino Carvalho sobre Mataram-me a freguesia
António Olayo sobre Nota de abertura
Alexandrina Marques sobre Nota de abertura
Luis Miguel sobre Nota de abertura
Joao Simões Branco sobre Nota de abertura
Jorge Castilho sobre Nota de abertura
Luísa Cabral Lemos sobre Nota de abertura
José Quinteiro sobre Nota de abertura
Luiz Miguel Santiago sobre Nota de abertura
Fernando Regêncio sobre Nota de abertura
Mário Oliveira sobre Nota de abertura